sábado, novembro 07, 2009

O Trabalho, por Nuvem que passa - 2ª parte

Se você potencializa a energia enquanto ainda a tem focada em um nível equivocado como a ira, por exemplo, vai passar a ter explosões de ira muito mais fortes, sendo ainda mais vítima do desequilíbrio.

Em Escolas estruturais vamos notar que há essa divisão.

Essência e personalidade.

Essência a parte interna, personalidade aquilo que desenvolvemos sob influência do mundo. A essência é a parte que pode crescer, desenvolver- se e ir além. A personalidade também cresce, desenvolve-se mas não vai além. Ela é o agregado. Ela se dissolve quando o corpo se dissolve. Simultaneamente ou durando um pouco mais, mas acaba por se dissolver. Ao final da vida o corpo entra em profunda entropia e se dissolve. Isso é um fato, observável diariamente. Mais uma vez são idéias que exigem meditação e não quero que as aceite como verdades, vamos só considerá-las como hipóteses de trabalho. Pensemos juntos sobre uma vida. Desde o início biológico da vida (desculpem a redundância). Um óvulo e um espermatozóide se encontram. Após um período os núcleos de fundem. Cada uma daquelas células traz um material que passou por infinitas combinações até chegar ali. Um homem, uma mulher, filhos de um homem e uma mulher, cada um deles filho de mais um casal que por sua vez... E assim vai para cada uma dessa células germinativas. Aquele material nuclear vai agora criar um novo ser.

Vindo das antigas eras aquele material veio se misturando e misturando e agora ali está. A célula ovo vai se dividir, dividir, suas células vão se especializar, e da mesma célula ovo teremos desde um ultra especializado neurônio até uma célula da pele, com grande poder de regeneração. Após um período de vida intra-uterina nasce o ser.

Ele vai crescer e desenvolver sua habilidade de compreender o meio e se fazer compreendido por ele. Todas as complexas fases de desenvolvimento da inteligência. Hoje sabemos que existem fases neste desenvolvimento, onde pouco a pouco o ser vai se descentrando e aprendendo a relacionar-se com o meio. A criança limita o mundo a suas próprias relações, como um crente primitivo limita a divindade a um pai que o protege abençoa ou castiga. A cada fase vai ampliando suas habilidades, abandonando um pensar pré operatório e aprendendo a lidar com idéias mais complexas.

Raramente aprendemos a pensar, embora teoricamente a educação devesse nos conduzir a autonomia moral e intelectual. Nós saímos da escola dependentes da opinião de outros e raramente com nossas habilidades dedutivas, indutivas e analógicas desenvolvidas.

Vou dar um exemplo.

Uma criança na fase de alfabetização escreve /muinto/ em uma composição de texto. Via de regra o professor lê, risca em vermelho, diz que está errado e mostra que o ‘certo’ é /muito/. Assim a criança registra: "A autoridade diz que este é o certo, devo obedecer". Não há aprendizado, há apenas reforço da heteronomia.

Outra situação:

Ao invés de "corrigi-la’’ o professor deixa a criança com seu raciocínio, que não é "errado" pois ela escreveu conforme ouviu, houve um ato inteligente ali. Mas o professor pode então expor a criança a textos onde ela depare-se com /muito/ escrito na grafia vigente. Surgirá o questionamento. Nessa situação ideal, felizmente já presente em algumas poucas escolas, o professor poderá dizer:

-"Você escreveu do jeito que ouviu. Tudo bem. Mas a escrita social, aquela que as pessoas adotam e que você precisa usar para se fazer entender, nesta escrita é assim, /muito/."

Outro universo de resultados. A criança aprendeu que existe uma escrita social, que não é a CERTA mas a aceita convencionalmente por todos. Ela não reforçou sua heteronomia aceitando apenas a autoridade do professor, mas foi levada a perceber a necessidade de uma escrita convencionada para o contato em sociedade. Vai apreender sobre convenção.

A malha neural, as sinapses que se ativam nesse caso são muito mais amplas que as simples conexões "certo" "errado" determinadas pela autoridade do professor. A maioria de nós não foi educada como no segundo caso. Portanto, tivemos reforçada a heteronomia e a crença em certos e errados absolutos. Não nos ensinaram a pensar, mas sobre o que pensar e como pensar. Nossa educação ainda foi impregnada dos mesmos valores que geraram a Inquisição e os regimes totalitários.

Portanto, antes de falarmos de transcendente temos que compreender que não atingimos nem mesmo o ápice do imanente. Temos que ter um desenvolvimento verdadeiro dessas nossas habilidades pensantes se queremos entrar em outros campos, em outros mundos e elaborá-los num todo coerente e equilibrado. Temos que nos descondicionar, ir além dos limites onde nos colocaram.

Os Xamãs consideram que não somos pensadores de fato, vivemos na periferia do pensar, ruminando alguns conceitos prontos que nos impuseram. Se queremos realmente ir a algum lugar temos que ir ao centro do pensar primeiro, compreender de fato o que é essa faculdade e o poderoso escudo que ela é para podermos enfrentar o desconhecido que nos envolve sem sucumbir a ele. Perceptualmente podemos dizer que estamos dentro deste (pequeno) círculo (do pensar).







Tudo o que percebemos está aí. Tudo com o que lidamos. Podemos chamá-lo de bolha da percepção. Existem muitos elementos dentro desta bolha. Mas nós só fomos estimulados a perceber alguns desses elementos. Chamamos a totalidade de nossa capacidade de perceber de realidade. Potencialmente poderíamos perceber muito mais, mas estamos limitados. Vindas de fora influências das mais diversas sensibilizam o ente perceptivo no centro da esfera.

Mas a percepção acaba decodificando sempre de acordo com os itens que dispõe.

Assim um ser de outro mundo que, passa por nós em um campo, pode ser decodificado apenas como um vento estranho, uma presença que por alguma razão se faz perceptível de repente, é um vulto. Um ente das montanhas pode ser visto como um monstro, algo que nos assusta. Um ente da terra , que muitos chamam de gnomo, vai ser visto em roupas de lenhador da Idade média, porque a percepção está presa em formas e padrões.

Decodificamos com base naquilo que temos já registrado. Apreender o mundo como xamã é apreender um novo conjunto de referenciais, os quais também estão dentro desta mesma bolha, mas nunca foram estimulados, nunca foram valorizados, por fazerem parte de outra descrição do mundo. Mas ainda aqui há um limite. Não estamos percebendo diretamente, estamos ainda decodificando. Assim podemos ver o ser de outro mundo com formas , mas ainda assim não é ele em si, é o resultado de uma interpretação.

Por esta razão os Xamãs perceberam que perceber a energia diretamente no seu estado natural, como ela flui no universo era a manobra a ser realizado para sairmos do terreno pantanoso da aparência e notar o que de fato estava em contato conosco.

Dizendo de outra forma: Ao invés de usar uma forma para decodificar o que estamos percebendo, quer fosse a forma cotidiana, quer fosse a forma dos magistas , deveríamos ver diretamente a energia em sua condição original. Ir além das descrições de mundo que nos deram e perceber a energia diretamente.

Este é o longo e árduo treinamento que acredito ser o necessário para um trabalho real. Treinar ver a energia diretamente, como ela flui pelo universo. Meditar é o começo de tudo. Observar, sem interferir, observar. Tudo a sua volta. A si mesmo.

Com a prática constante você vai aprender a desgrudar a personalidade da essência.

Somos uma essência perceptiva.

Percebemos.

Entretanto percebemos algo que decodificamos.

Interagimos com algo que nos faz conscientes.

Assim há algo sendo percebido, mas o que nos aparece, a nossa consciência, não é o que é percebido, pois já foi adaptado ao nosso condicionamento social. A tradição que estou estudando em vários de seus caminhos, propõe uma linha de procedimentos para voltarmos a perceber a energia diretamente.

Em primeiro lugar abandonar a falsa dualidade corpo - mente. Há uma dualidade mas essa dualidade se expressa entre o corpo físico e o que poderíamos chamar de corpo de energia. Mente, emoções, tudo isto está dentro do campo do corpo físico. O corpo é uma vasta teia de sistemas inter relacionados. Para os xamãs em nossas células de todo o corpo, e não apenas no cérebro, estão todas as lembranças que temos, as emoções que sentimos.

A outra parte da dualidade seria o corpo de energia, nosso ser luminoso, que tem existência mas não massa. Podemos dizer que o corpo físico é nosso corpo orgânico e o corpo de energia é nosso corpo inorgânico. Assim como o corpo físico nasce e precisa ser alimentado e cuidado para crescer, treinado para desenvolver plenamente suas habilidades, também o corpo energético precisa dos mesmos cuidados. A diferença é que o corpo energético plenamente desenvolvido pode continuar mesmo depois da dissolução do corpo físico.

Este ponto fundamental mostra a importância que os xamãs deram a este tema. Por observação direta eles viram que a vida e a consciência estavam emaranhadas, entretanto num certo momento forças tremendas tomavam de volta algo que haviam nos dado no começo de tudo:

A consciência.

A consciência é dada a cada ser, do vírus ao ser humano, no momento da fecundação (no caso deste último) para ser enriquecida pelo ato de estar vivo. Depois, num certo momento, ela era tomada de volta. A descoberta revolucionária dos xamãs foi perceber que a energia vital não era tomada junto. Apenas estava tão enredada na consciência que acabava se desfazendo quando a consciência voltava para sua fonte.

Foi então que os xamãs descobriram algo realmente determinante. O ente perceptivo existe durante a vida por identificar- se e projetar-se na consciência. Mas pode paulatinamente, desenvolver a consciência de si mesmo. Como diria G. todo choque é um dó em si mesmo, e todo dó contém em si uma oitava.

Assim o ente perceptivo, que reage a consciência enriquecendo- a através das experiências vividas, pode ao final ser consciente de si, abrir mão da consciência recebida da fonte e ainda assim manter sua força vital e sua individualidade o suficiente para aceitar uma outra conscientização, vinda da mesma fonte.

Deixaria de ser um ser orgânico, se tornaria um ser inorgânico.

Para os xamãs este seria o próximo passo evolutivo possível ao ser humano.

Uma mutação de faixas de consciência.

A consciência humana, mesmo em seus aspectos mais poderosos e amplos, desconhecidos totalmente pelas pessoas hoje, seria abandonada e outra possibilidade de consciência seria atingida, um outro nível de realização.

Dois caminhos surgiram a partir desta percepção.

Em outro caminho o ser transmigra com sua essência perceptiva para o corpo de energia e continua existindo após a morte do corpo físico.

Mas tal manobra se revela limitada com o passar das eras.

Mas há outro caminho, muito mais ousado.

Continua...

Extraído do Pistas do Caminho

PAZ E HARMONIA



ISIS

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