Resgatando o sagrado
Vivemos num tempo em que nunca se fez tão necessário resgatar o sagrado. Andamos como um bando de mortos vivos, consumindo, imitando a moda da tevê, vivendo das intrigas dos famosos e poderosos, completamente distanciados da nossa verdadeira essência. Falando assim parece mais um papo místico, coisa de bicho grilo que não viu o tempo passar. Acompanhe meu raciocínio: Olhe a sua volta, as pessoas andam nas ruas alegres quando a primavera chega e o calor vai crescendo dia a dia. Quanto mais dias de sol melhor! A primeira chuvarada causa transtorno, então todos reclamam, que chuva chata! Tava tão bom!... Fazia quatro meses que só havia um lindo sol... Chuva é tão deprimente!... Não me diga que nunca ouviu nada parecido.
As pessoas vivem de modo a ignorar que muitos meses sem chuva é impossível para que a plantação e o gado sobrevivam. Mas todos querem seu churrasco com salada no fim de semana. Estamos alienados da natureza, como se não fizéssemos parte dela. A natureza para a maioria das pessoas parece algo enorme e assustador, incontrolável e que nada tem a ver com elas mesmas.
Somos partes integrantes da natureza sim, aliás somos parte de alguma coisa muito maior, somos parte de uma enormidade chamada universo. Quando confrontados com isso muitos se sentem ou fascinados ou incomodados com esse "papo maluco". Muitas pessoas podem se incomodar ainda mais se alguém disser que dentro de toda essa enormidade temos um papel a cumprir.
Conexão com a natureza, fato ignorado pela maioria das pessoas
Foi Viktor Frankl, que após ter sobrevivido a um campo de concentração na segunda guerra, constatou que pessoas que tinham um propósito na vida sobreviviam não somente aos maus tratos, mas também a todas as doenças que contraíam no cárcere. Vidas destituídas de um propósito ou sentido espiritual e religioso tendiam a se acabar. Vale lembrar que Frankl era um psiquiatra e não vou me aprofundar aqui em sua biografia para comprovar sua religiosidade existente ou não. Apenas quero salientar que o que ele descobre sobre a fé e o sentido de uma existência confere perfeitamente com todas as teorias espirituais da Nova Era tanto quanto as escolas de mistério da antiguidade. Elas afirmam que todo o ser humano é uma engrenagem fundamental para a existência, e quanto mais consciente desse significado mais realizada será sua vida, mais satisfatória e plena para si mesmo e para todos que o cercam.
Somos parte do divino e quando comungarmos um com os outros e com todos os seres vivos deste planeta poderemos olhar para o infinito e entender um pouco mais sobre nosso papel no coração de Deus. Essa força ou energia que denominamos Deus por convenção de linguagem é um imenso oceano, impossível de se apreender num só olhar, mas que se torna bem mais crível sendo visto gota a gota. Essas gotas somos nós! Por isso faz todo o sentido a inscrição no templo de Delfos que diz: "Conhece a ti mesmo e conhecerás os Deuses e o universo".
O Mago, no Osho Zen Tarot, comunhão plena e constante com o sagrado da existência
Tudo na vida pode conter um significado maior. Engana-se quem pensa que só está exercendo uma função transcendente, divina, ou sagrada, aquele que devotou seus dias à meditação, ou a uma vida monástica. Existem muitas formas de fazer a comunhão. Quando estou realizando o meu trabalho com os símbolos, por exemplo, (Quer sejam símbolos do tarot, ou da astrologia, etc.), sinto que faço parte de algo maior, me sinto conectado a uma fonte de saber que tem urgência em passar mensagens importantes para o crescimento de quem está à minha frente. Minha vida ganha sentido e tudo o que vejo serve de algum modo para mim mesmo. Então meu trabalho é uma via de mão dupla, onde dois seres crescem simultaneamente. Muitos artistas dizem o mesmo, que sua arte é um meio pelo qual realizam algo maior que eles e que quer ser realizado através de suas mãos e sua arte. Michelangelo alegou que ouviu Jesus e Maria clamando por ele dentro do bloco de mármore no qual ele esculpiu La Pietá, e nem era o bloco que ele havia encomendado!
Qualquer atividade pode nos levar a esse sentido de propósito, e quase nunca é algo egoísta. O significado vem de um sentido que se estende para além de nós mesmos, em direção ao mundo, ao próximo.
Qualquer atividade pode conter o propósito interior
No livro O Caminho do Guerreiro Pacífico, quando o jovem Dan Millman conhece Sócrates, e tenta insultá-lo por causa de sua atividade (mecânico), ele responde calmamente dizendo que é uma honra poder realizar um serviço tão fundamental para as pessoas. Afinal não importa o que fazemos, mas como fazemos. E como mecânico ele se torna um praticante da filosofia zen e o mestre daquele que seria mais tarde um dos maiores escritores e palestrantes de auto ajuda em todo o mundo.
Publicado no blog www.tarotzenreiki.blogspot.com
1 comentário:
Texto muiito bom.
Enviar um comentário