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domingo, fevereiro 19, 2017
sábado, dezembro 17, 2016
sexta-feira, julho 08, 2016
sábado, janeiro 23, 2016
sábado, abril 25, 2015
domingo, março 29, 2015
Raiva e tristeza são as duas faces da mesma energia, reprimida
Normalmente, a raiva não é ruim. Normalmente, ela faz parte da vida natural; ela surge e vai embora. Mas, se você a reprime, então ela se torna um problema. Você começa a acumulá-la. Ela deixa simplesmente de surgir e ir embora; torna-se o seu próprio ser. Não é que às vezes você fique com raiva; você vive com raiva, vive em fúria, só à espera de alguém que o provoque. Basta uma leve provocação e você se inflama e faz coisas das quais mais tarde diz, “Eu estava fora de mim”.
Analise essa expressão — “fora de mim”. Como você pode fazer algo enquanto está fora de si mesmo? Mas a expressão está absolutamente correta. A raiva reprimida se torna uma loucura temporária. Às vezes ela fica incontrolável. Se você pudesse controlá-la, faria isso, mas ela de repente transbordou. De repente ela extravasou, você não conseguiu fazer nada, ficou impotente — e ela aflorou. Uma pessoa assim pode não estar com raiva, mas ela vive e se movimenta com raiva.
Se você um dia já observou as pessoas... pare na calçada e só observe; você verá dois tipos de pessoa. Continue observando o rosto delas. Toda a humanidade se divide em dois tipos de pessoa. Um é o tipo triste, que tem uma aparência muito triste, anda se arrastando por aí. O outro é o tipo zangado, vive borbulhando de raiva, pronto para explodir por causa de qualquer coisa.
A raiva é a tristeza ativa; a tristeza é a raiva inativa. Elas não são duas coisas diferentes.
Observe o seu próprio comportamento. Quando você fica triste? Você fica triste só em situações em que não pode ficar com raiva. O seu chefe no escritório diz alguma coisa e você não pode ficar com raiva, pode perder o emprego. Você não pode demonstrar raiva, tem de continuar sorrindo. Então você fica triste. A energia se torna inativa.
O marido sai do trabalho, vai para casa e, quando está com a esposa, encontra uma pequena desculpa, algo sem importância, e fica com raiva. As pessoas gostam de ter raiva, ela traz alívio, pois pelo menos elas sentem que estão fazendo alguma coisa. Na tristeza, você sente que estão fazendo alguma coisa a você. Você é a parte passiva, a parte receptiva. Fizeram-lhe algo e você estava indefeso, não pode retrucar, não pode revidar, não pode reagir. Se tem raiva, você se sente um pouco melhor. Depois de um grande acesso de raiva, você se sente mais relaxado e isso traz bem-estar. Você está vivo! Você também pode fazer coisas! Claro que você não pode fazer essas coisas ao chefe, mas pode fazer com a sua esposa.
Então a esposa espera os filhos chegarem em casa — porque não é muito sensato descarregar a raiva no marido, ele pode se divorciar dela. Ele é o chefe e a mulher depende dele e é arriscado se zangar com ele. Ela esperará pelos filhos. Eles chegarão da escola e ela então saltará sobre eles e os castigará — para o próprio bem deles. E o que os filhos farão? Eles irão para o quarto e atirarão longe os livros, chorarão ou castigarão as bonecas, o; cachorros, ou torturarão os gatos. Eles têm de fazer alguma coisa. Todo mundo tem de fazer alguma coisa, do contrário fica triste.
As pessoas que você vê na rua com uma aparência triste, que vivem tão tristes que o rosto delas parece uma máscara de tristeza, são pessoas tão impotentes, que estão num degrau tão baixo da escada, que não encontram ninguém com quem possam ficar com raiva.
Essas são as pessoas tristes, nos degraus mais altos você encontrará as pessoas com raiva. Quanto mais alto você chega, mais raivosas são as pessoas que encontra. Quanto mais baixo, mais tristes elas são.
Na Índia, você verá que os intocáveis, a casta mais baixa, têm uma aparência triste. Então olhe os brâmanes; eles são cheios de raiva. Um brâmane está sempre com raiva; qualquer coisinha o tira do sério. Um intocável é simplesmente triste, porque não há ninguém abaixo dele em quem possa descarregar a raiva.
Raiva e tristeza são as duas faces da mesma energia, reprimida.
A raiva comum não tem nada de errado. Na verdade, as pessoas que conseguem ficar com raiva e esquecer tudo no minuto seguinte são pessoas realmente muito boas. Você sempre as achará amistosas, vibrantes, amorosas, compassivas.
Mas aquelas que estão sempre reprimindo as emoções, controlando tudo, não são pessoas boas. Elas estão sempre tentando mostrar que são mais virtuosas que você, mas você pode ver raiva nos olhos delas. Você pode ver raiva no rosto delas, em cada gesto que fazem — no jeito como andam, como falam, como se relacionam com os outros, você pode vê-la sempre ali, borbulhando. Elas estão sempre prontas para explodir. Esses são os assassinos, os criminosos, são os verdadeiros malfeitores.
A raiva é humana, não há nada de errado com ela. É simplesmente uma situação em que você é provocado e, por estar vivo, você reage. Ela significa que você não cederá, que essa não é uma situação que você possa aceitar; que essa é uma situação em que você quer dizer não. Ela é um protesto e não há nada de errado com ela.
Veja uma criança quando ela está com raiva de você. Olhe o rosto dela! Ela está com tanta raiva, tão vermelha, que gostaria de matar você. Ela diz, “Nunca mais vou falar com você. Acabou!” e no minuto seguinte ela está sentada no seu colo, conversando de um jeito encantador. Ela já esqueceu tudo. Qualquer coisa que tenha dito no momento de fúria, não sente mais. Não se tornou uma bagagem na mente dela.
Sim, no ardor do momento, ela estava com raiva e disse algumas coisas, mas agora a raiva passou e tudo o que ela disse não vale mais. Ela não ficará comprometida com isso para sempre, foi um ataque momentâneo, uma ondinha na superfície da água. Mas elanão ficou congelada naquele ataque, ela é um fenômeno fluido.
A ondulação surgiu, uma onda se avolumou, mas agora não existe mais. Ela não vai carregá-la para sempre. Mesmo que você a lembre, ela rirá e dirá, “Bobagem minha!” Dirá, “Não me lembro. Eu disse isso?” Dirá, “Eu disse mesmo isso? Impossível!” Foi só um acesso de raiva.
Isso tem de ficar bem claro. A pessoa que vive de instante em instante às vezes fica com raiva, às vezes fica feliz, às vezes fica triste. Mas você pode ter certeza de que ela não carregará com ela essas emoções para sempre.
A pessoa que é muito controlada e não deixa que nenhuma emoção aflore em seu ser é perigosa. Se você a insulta, ela não fica zangada; ela se contém. Pouco a pouco ela vai acumulando tanta raiva que acaba fazendo algo realmente maldoso.
Não há nada de errado com um acesso momentâneo de raiva — num certo sentido, ele é belo. Simplesmente mostra que você ainda está vivo. O acesso momentâneo simplesmente mostra que você não está morto, que você responde às situações e de maneira autêntica. Quando você sente que a situação exige que você fique com raiva, ela irrompe. Quando sente que a situação requer felicidade, a felicidade também irrompe. Você dança conforme a música, não tem preconceitos nem contra nem a favor. Você não tem nenhuma ideologia.
Eu não sou contra a raiva, eu sou contra raiva acumulada. Eu não sou contra o se xo, sou contra se xualidade acumulada.
Qualquer coisa surgida no momento é boa, qualquer coisa trazida do passado é ruim, é uma doença.
Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"
Imagem por cdsessums
sábado, março 07, 2015
terça-feira, fevereiro 10, 2015
Sobre a Raiva (e outros sentimentos negativos)
Categoria: Comportamento
Esta semana fui a uma palestra budista sobre Como identificar e combater nossa raiva, na UERJ e aprendi muito com as sábias palavras do monge Kelsang Drime, da Nova Tradição Kadampa.
Segundo o monge, a raiva atua em nossa mente como uma lente de aumento, piorando os aspectos negativos de uma situação que nem sempre é como pensamos. Perdemos o controle, a razão e com isso podemos colocar em risco pessoas, empregos e relacionamentos. Ficamos cegos, perdemos a capacidade de pensar racionalmente sobre o problema, e com isso acabamos tomando decisões estúpidas das quais provavelmente nos arrependeremos depois.
Mas como lidar com um sentimento que surge do nada, de forma impulsiva e que nos tira da razão? Será que é possível passar por alguma situação complicada e não sentirmos raiva, ou até mesmo ódio?
Observar como a raiva surge é o primeiro passo. Na maioria das vezes, nossa própria mente começa a distorcer a realidade exacerbando seu aspecto negativo e ignorando o positivo. Passamos a enxergar com uma lente negativa e a criar nossa própria narrativa sobre o outro, que na maioria das vezes não passa de fantasia. Claro, há situações que não ocorrem desta maneira, mas quando o outro nos causa aflição, raiva e desprezo, na verdade, nós somos os responsáveis por deixarmos que o sentimento se instale em nossas mentes.
Quem nunca ficou com raiva do transporte público cheio, da fila do banco, do atendente lento ou de um simples bom dia de um colega naquela manhã que acordamos de mal-humor? Será que a culpa é dos outros? Será que o motorista que demorou para sair com o carro assim que o sinal ficou verde merece nossa raiva? Novamente, a responsabilidade pelo que sentimos não é dos outros. É nossa.
Somos nós que nos permitimos sentir raiva. Somos nós que permitimos que a raiva dos outros nos afete. Foi criticado e achou uma injustiça? Pra que rebater de forma descontrolada? Silencie a mente, respire fundo e tente esclarecer. Além disso, o que o outro pensa sobre nós – de forma infundada – não nos diz respeito. Não devemos nos preocupar com o que o outro pensa. Não somos responsáveis pela opinião dos outros, apenas pelas nossas. Jamais deixe que o outro te desequilibre. Mantenha-se no caminho sereno e racional, refletindo se todos os motivos que o fez sentir raiva realmente são relevantes a ponto de causar mal-estar.
Muitos podem dizer que a teoria é linda, mas que a prática não é tão fácil. No entanto, no momento em que conseguimos observar as pequenas sensações desagradáveis que surgem ao longo do nosso dia e a eliminamos no início, evitamos que vire uma bola de neve. Pequenos focos de incêndio podem ser apagados assim que surgem, basta não aceitarmos tal sentimento que, aos poucos, conseguiremos lidar com outros mais complicados. É certo que nem tudo é relevável, mas se eliminarmos as pequenas aflições diárias, aprenderemos cada vez mais a lidarmos com situações mais desagradáveis.
É um desafio a ser aplicado no dia-a-dia. Agora, só nos resta observar quando o foco se inicia, para deixarmos a sensação desagradável ir embora da mesma forma que chegou. Afinal, podemos escolher absorver tal sentimento e passar o resto do dia remoendo com rancor ou simplesmente desapegarmos e continuarmos de forma leve em nosso caminho.
OBS.: Falei um pouco mais sobre a palestra no meu blog pessoal
.
terça-feira, janeiro 27, 2015
Renúncia e Desapego
MEDITAÇÃO E VIDA ESPIRITUAL
Swami Yatiswarananda 1
Renúncia e Desapego
(Capítulo 10 do livro Meditation and Spiritual Life; Páginas 120 a 125)
A necessidade da renúncia
É realmente muito estranho que as pessoas sofram tanto e ainda assim não despertem, mas se prendam a todos os tipos de falsas identificações. O mundo inteiro está preso pelo desejo de riqueza e sexo. As pessoas fazem disto a meta de suas vidas e ao final sofrem. Identificando-se com nosso corpo e com os outros corpos nos prendemos em todos os tipos de envolvimentos emocionais e criamos sofrimento sem fim. É claro que há muitas pessoas que parecem gostar de tudo isto. Como na parábola de Sri Ramakrishna, o camelo come arbustos espinhosos que sangram a sua boca, mas continua a comê-los da mesma forma.2 Mas um aspirante espiritual não pode viver desta forma. Ele fixou para si mesmo um ideal elevado e por isso não pode perder-se em envolvimentos mundanos. Por isso começa a pensar profundamente sobre renúncia e desapego.
A renúncia é o tema central da vida espiritual em todas as religiões. Renúncia da riqueza e da cobiça, do sexo e da luxúria e do egoísmo – esta tríplice renúncia é invariavelmente enfatizada em todas as escrituras e por todos os homens verdadeiramente espirituais. Sem renúncia não há vida espiritual. E renúncia não significa apenas a renúncia externa, mas também a renúncia mental. Devemos renunciar a todo nosso apego ao nosso próprio corpo e mente e aos dos outros, e tornar-nos verdadeiramente desapegados de todos os modos. Não é suficiente se fizermos isto somente com relação a certas coisas e pessoas, enquanto tentamos nos prender a outros ainda mais. É fácil evitar certas coisas ou pessoas de quem não gostamos e chamar isto de renúncia. A verdadeira renúncia é a mudança de atitude em relação a tudo.
Por que a renúncia é necessária? Por que devemos praticar tanto o desapego? As práticas espirituais jamais poderão ser executadas com sucesso sem abandonar as velhas associações com coisas e pessoas que não auxiliam ao aspirante. Somente quando estivermos preparados para renunciar nossos desejos e paixões e nosso apego aos outros, seja na afeição ou na aversão, poderemos praticar a verdadeira religião com bons resultados e poderá haver progresso. Nunca permita que sua mente o engane sobre este ponto. A mente sempre tenta apresentar alguma razão plausível para que não possamos renunciar esta ou aquela coisa, para que nós possamos estar na companhia de tal ou qual pessoa, de que é nosso dever conversar com ele ou com ela, etc. Nunca acredite em sua mente nestes casos. Ela sempre irá enganá-lo e tornar-se o porta-voz de seus desejos conscientes ou inconscientes. Portanto não precisamos apenas de japa, oração, meditação e outras práticas espirituais, mas também de renúncia. De fato japa e meditação só são efetivos na medida em que somos bem sucedidos em ter mais e mais da verdadeira renúncia e desapego. Quando estes dois – práticas espirituais e renúncia – são combinados, torna-se possível para nós controlar a mente e começar a limpar todos seus cantos sujos onde permitimos que se acumulasse todo tipo de imundície por eras e eras através de incontáveis nascimentos.
Demasiada mundanalidade é como o fogo. Ela queima o coração. Torna uma pessoa insensível aos valores espirituais. Uma pessoa mundana não pode apreciar a felicidade da vida espiritual. A faculdade da intuição torna-se tão inerte em uma pessoa mundana que não é mais sensível às vibrações mais elevadas. Ela não tem nenhuma idéia das verdades espirituais e apenas continua se banhando na poça suja de seus desejos e paixões.
Amor e apego
Coisas ou pessoas a quem amamos, atraem nossas mentes e criam apego, raiva ou aversão. Amor e aversão são apenas os dois lados da mesma moeda; nunca se engane sobre isto. Portanto eles pertencem à mesma categoria. Raiva ou aversão é amor ou apego voltado para baixo. Não é algo essencialmente diferente. Devemos eliminar todas as formas de apego e todas as formas de medo nos tornando desapegados e livres de gostos ou desgostos pessoais. Devemos ter simpatia sem ficar apegado. Não deveria haver jamais qualquer demanda pessoal sobre alguém ou o amor de alguém; nem deveríamos permitir que alguém tivesse qualquer exigência pessoal sobre nós ou sobre nossa afeição.
Devemos amar a Deus apenas e permitir que os outros fizessem o mesmo. Cristo diz, ‘Aquele que ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim, e aquele que ama seu filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim’3, e não há nada mais verdadeiro do que isso. E também é verdade que aquele que permitir que qualquer outra pessoa o ame mais do que ao Divino, não é digno do Divino, e jamais atingirá o Divino, por mais que possa tentar. Colhemos apenas o que semeamos e enquanto continuarmos a permitir que todos estes gostos e desgostos nos prendam e aos outros com as correntes do assim chamado amor, nos manteremos escravizados, trazendo sofrimento para nós mesmos e para outros. O sofrimento é a penalidade que pagamos por nossos apegos. Em alguns casos ele chega logo, em outros demora; mas todos devem pagar por seus erros.
Quando as pessoas nos amam, nos sentimos lisonjeados. Nós gostamos de atrair os outros, gostamos de ser amados por outros como objetos de gozo. Mas somos geralmente muito impulsivos e não pensamos que com isso criaremos apenas problemas para nós e para os outros e impediremos nosso progresso espiritual. Devemos ter dignidade e sermos cuidadosos. Devemos adotar uma atitude pela qual os outros não se atreverão a se aproximar de nós do modo errado. Eu falo isto especialmente para as senhoras. O conceito ocidental de cavalheirismo não tem lugar na vida espiritual.
Devotos e aspirantes espirituais são nossos queridos, pois somos todos ligados pela corda comum do divino Amor que é permanente. O amor pelos irmãos espirituais é muito mais intenso e benéfico que o amor mundano. Olhe para a relação que existiu entre os discípulos de Cristo, entre os discípulos de Sri Ramakrishna. Que amor terno, respeito mútuo e consideração existiram entre eles! Quando nós, ainda jovens, entramos em contato com os grandes discípulos de Sri Ramakrishna, também fomos profundamente atraídos pelo intenso, porém puro, e abnegado amor que derramaram sobre nós. Somente um homem espiritual pode ter amor real pelos outros. O assim chamado amor das pessoas mundanas é freqüentemente apenas auto-interesse refinado.
As almas iluminadas amam a todas as pessoas da mesma forma sem se apegarem a elas porque eles realizaram a verdade da famosa declaração do Upanishad:
Não é por causa do esposo que o esposo é amado,
Mas é por causa do Ser que o esposo é amado.
Mas é por causa do Ser que a esposa é amada.
Não é por causa dos filhos que os filhos são amados,
Mas é por causa do Ser que os filhos são amados...
Não é por causa de tudo que tudo é amado,
Mas é por causa do Ser que tudo é amado. 4
As vidas das almas iluminadas nos ensinam que a renúncia e o desapego não significam insensibilidade e indiferença. Insensibilidade não é desapego; não é nada além de egoísmo, apego ao seu próprio ego. Tente ajudar aos outros tanto quanto esteja em sua capacidade, tomando todas as precauções para se proteger e evitar não ficar apegado a eles. Se você não puder fazer isto, reze a Deus para o bem-estar deles. Se orar sincera e intensamente você verá a ajuda chegando a aqueles que você quer ajudar. Mas lembre-se, se você quiser rezar pelos outros, você deve sentir a si mesmo próximo a Deus. Se você não puder impedir a si mesmo de ficar apegado aos outros, é melhor não ajudá-los. É melhor se voltar para a oração. De fato todos os aspirantes sinceros devem incluir este tipo de oração pelos outros em suas práticas espirituais diárias.
Durante o período de transição da vida mundana para a vida espiritual, podemos sentir um pouco de indiferença pelos outros por algum tempo. Para proteger-nos podemos até cultivar uma atitude de indiferença, mas somente por um período curto. Se prender-se ao ideal da realização de Deus e levar uma vida pura, você descobrirá depois de algum tempo seu velho amor pelos outros retornar a você de uma forma purificada e sublimada, no qual apenas o apego foi eliminado e substituído por intenso amor por Deus. Então você ama aos outros por causa do Divino e não por qualquer propósito egoísta. Só isto é o verdadeiro amor. Devemos nos afastar de dois perigos: um é amar aos outros com amor humano e falsamente chamá-lo de ‘divino’ e o outro é ser demasiadamente indiferente até mesmo pelos sentimentos corretos e ser negligente com nossos deveres. Ambos são prejudiciais ao crescimento espiritual.
Os verdadeiros parentes
Quem são nossos verdadeiros parentes? Bāndhavāh Śivabhaktāśca (‘os devotos de Śiva são meus parentes’) diz Śamkara em um de seus hinos. 5 Muito freqüentemente aqueles a quem consideramos muito próximos e queridos são completos estranhos para nós. Eles vivem em um plano de pensamentos e nós em outro. Aqueles que são sinceros aspirantes espirituais e estão ansiosos para fazer rápido progresso espiritual deveriam aprender a viver como estranhos em suas próprias casas. Se seus amigos e parentes são bons e espirituais, você pode associar-se com eles. Mas se eles são mundanos e inclusive tentam arrastá-lo até eles, o único caminho aberto para você é afastar-se deles. Se você deseja seguir adiante e outros querem deitar-se, que mais você pode fazer?
Aqueles que vivem com parentes que são mundanos deveriam viver como hóspedes em uma casa de hóspedes. Eles devem abandonar a idéia de propriedade e ter a idéia de um administrador temporário. Você não deve jamais ter nenhuma exigência emocional sobre eles. Eles não são sua propriedade. Se você possuir algo, você dele possuí-lo como um administrador temporário, não como um proprietário, e administrá-lo em nome do Senhor.
Aprenda a desenvolver a verdadeira perspectiva com relação a sua família. Liberte a mente de todas as velhas associações conectadas com formas puramente humanas de amor e aversão, conectadas com apego e sexo; somente então a verdadeira prática espiritual se tornará possível. Tudo antes disto é apenas uma tentativa de prática espiritual e nada mais. Quando menino eu era muito sentimental. Eu costumava me apegar terrivelmente às pessoas após um dia ou dois de contato. Eu também me extasiava por todo amor e afeição por mim de meus pais, parentes e amigos, e costumava pensar muito neles. Ao final eu não pude suportar todos estes sentimentos mais e firmemente disse a mim mesmo: ‘Isto tem que mudar’. Então me voltei para o Impessoal mais e mais. Somente o pensamento do Supremo Espírito que mora em todos os seres pode libertar-nos de nosso apego às pessoas. Você deve pensar este pensamento tão intensamente até que ele se torne uma realidade para você, algo que é vívido e permanente. Isto sustentará você mesmo quando todos os seus pensamentos sobre as outras pessoas estourem como bolhas mais cedo ou mais tarde.
A raiva é tão prejudicial quanto o apego
A raiva é tão prejudicial quanto o apego, de fato é a mesma coisa. O apego e a raiva são apenas as duas faces da mesma moeda, como eu disse antes. Nunca se engane pensando que um é melhor que o outro. Ambos são correntes e degradam ao ser humano, impedindo-o de se elevar à sua verdadeira estatura. Ambos devem ser renunciados.
Vamos discutir a questão da raiva. Por que ficamos com raiva? Somente por que alguém ou algo está no caminho do que achamos ser o objeto de nosso gozo. Esta é a única razão para toda a nossa raiva. Sempre descobrimos que a raiva está intimamente conectada com um ego muito valorizado ou um forte senso de personalidade. Sem este forte senso do ego e um excessivo desejo pelo gozo, físico e mental, a raiva jamais poderia nem mesmo surgir em nossos corações. Portanto este ego, este desejo pelo gozo, é a única causa de termos raiva. Se não desejarmos nenhum gozo, se não esperarmos nada de ninguém, mas apenas dar e agir sem nunca esperar qualquer recompensa, jamais poderá surgir qualquer raiva. Portanto devemos ficar com raiva de nossa raiva, e não com outros. Devemos ter uma raiva terrível de nossos desejos pelo gozo dos sentidos e não com os objetos propriamente ditos. O único modo prático é sublimar a raiva e finalmente eliminá-la. E sem eliminar a raiva e outros males associados, jamais poderemos fazer qualquer progresso na vida espiritual. A luxúria e a raiva são os maiores inimigos no caminho espiritual. Portanto eles deveriam ser cuidadosamente evitados por todos os aspirantes.
Assim, onde quer que haja raiva existe algum apego, algum desejo excessivo ou afeição. Verdadeiramente falando, sem apego a alguma pessoa ou coisa jamais poderá surgir qualquer forma de raiva. É apenas nossa perversa vontade de gozar que traz a raiva. Mas isto deveria ser compreendido mais num sentido sutil do que de num sentido grosseiro. Não precisa necessariamente ser qualquer desejo por formas grosseiras de gozo que se encontra na raiz da raiva.
Algumas pessoas se tornam agressivas quando praticam renúncia. Isto ocorre porque quando a força do apego é reduzida, a força da raiva se torna mais forte. Muitos aspirantes espirituais se tornam facilmente irritáveis nos primeiros estágios de sādhanā. Esta é uma reação às tentativas frágeis de renúncia que fazem. A renúncia externa nem sempre é seguida pelo desapego interno. O apego interno entra em conflito com a renúncia externa e conduz às tensões. A verdadeira renúncia deve ser a renúncia do apego e da raiva.
Somente quando começamos a praticar a verdadeira renúncia é que realizamos que tipo de vida miserável nós estivemos vivendo até então. Também realizamos que é a força do passado agora o maior obstáculo. Isto leva ao remorso e ao arrependimento. Deve existir certa quantidade de saudável autocrítica, mas ela nunca deveria se tornar destrutiva ou terminar em emocionalismo negativo. Não diga, ‘Ó, que pecador, que criatura desprezível eu sou!’, mas aprenda a dizer, ‘Se eu cometi erros no passado, já acabou. Que eu saiba que fiz algo errado, mas que não fique pensando sobre isto. Que eu vire uma nova página e faça melhor no futuro, que eu seja mais atento no futuro e aprenda a ser um ser humano ao invés de um animal’. Este é o modo correto. Quer sejamos jovens ou velhos, devemos todos renascer no mundo do Espírito e começar nossa marcha em direção à Verdade.
1 Swami Yatiswarananda (1889-1966), foi um discípulo de Swami Brahmananda e Vice-Presidente da Ordem Ramakrishna.
2 Gospel of Sri Ramakrishna, transl. by Swami Nikhilananda (Madras: Sri Ramakrishna Math, 1974), p. 118.
3 Bíblia, São Mateus, 10:37.
4 Brhadaranyaka Upanisad, 2.4.5; 4.5.6
5 Annapurnastotram, verso 12.
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domingo, março 24, 2013
A mágoa
Comentários de Luis Cláudio Fabul, amigo especial, odontólogo-cirurgião de primeira, sensível, estudioso, aplicado e comprometido com a vida, em tratamento desde há muito tempo, aliás, tempo demais...
"Você já sentiu, alguma vez, a dor causada por uma pancada na quina da mesa, da cama, ou de outro móvel qualquer? Sim, aquela pancada que quase nos faz perder os sentidos, e deixa um hematoma no corpo.
Em princípio surge uma marca avermelhada, depois arroxeada, e vai mudando de cor até desaparecer por completo. Geralmente o local fica dolorido, e sempre que o tocamos sentimos certo desconforto. A marca permanece por um tempo mais ou menos longo, conforme o organismo.
Agora imagine se, por distração, você bate novamente no mesmo lugar do hematoma. A dor é ainda maior e a cor se intensifica. Se isso se repetisse por inúmeras vezes, o problema poderia se agravar a tal ponto que a lesão se converteria num problema mais grave.
Com a mágoa acontece algo semelhante, com a diferença de que a marca é feita no coração e é causada por uma lesão afetiva. Num primeiro momento a marca é superficial, mas poderá se aprofundar mais e mais, caso haja ressentimento prolongado.
Ressentir quer dizer sentir outra vez e tornar a sentir muitas e muitas vezes. É por isso que o ressentimento vai aprofundando a marca deixada no coração.
Como acontece com as lesões sofridas no corpo, repetidas vezes no mesmo lugar, também o ressentimento pode causar sérios problemas a quem se permite o ressentir continuado. Se um hematoma durasse meses ou anos em nosso corpo, a possibilidade de se transformar em algo mais grave, até num câncer... seria grande. Isso também acontece com a mágoa agasalhada na alma por muito tempo.
Cada vez que nos lembramos do que motivou a mácula no coração, e nos permitimos sentir outra vez o estilete na alma, a mágoa vai se aprofundando mais e mais. Além da possibilidade de causar lesões, gera outros distúrbios nas emoções de quem a guarda no coração.
Por todas essas razões, vale a pena refletir sobre esse mal que tem feito muitas vítimas. Semelhante a um corrosivo, a mágoa vai minando a alegria, o entusiasmo, a esperança, e a amargura se instala. Silenciosa, ela compromete a saúde de quem a mantém e fomenta ódio, rancor, inimizade, antipatias.
Muitas vezes a mágoa se disfarça de amor-próprio para que seu portador consinta que ela permaneça em sua intimidade. E com o passar do tempo ela se converte num algoz terrível, mostrando-se mais poderosa do que a vontade de seu portador para eliminá-la.
De maneira, muitas vezes, imperceptível, a mágoa guardada vai se manifestando numa vingançazinha aqui, numa traiçãozinha ali, numa crueldade acolá. E de queda em queda a pessoa magoada vai descendo até o fundo do poço, sem medir as consequências de seus atos. Para evitar que isso aconteça conosco é preciso tomar alguns cuidados básicos:
O primeiro deles é proteger o campo das emoções, fortalecendo as fibras dos nobres sentimentos, não permitindo que a mágoa o penetre.
O segundo é tratar imediatamente a ferida antes que se torne mais profunda, caso a mágoa aconteça.
O terceiro é drenar, com o arado da razão, o lodo do melindre, que é terreno propício para a instalação da mágoa.
É importante tratar essa suscetibilidade à flor da pele, que nos deixa extremamente vulneráveis a essas marcas indesejáveis em nosso coração, tornando-nos pessoas amargas e infelizes. Agasalhar ódio, mágoa ou rancor no coração, é o mesmo que beber veneno com a intenção de matar o nosso agressor.
Pense nisso e não permita que esses "tóxicos" se instalem em seu coração.
Fonte: http://psicologo-paulocesar.blogspot.com.br/2012/05/sobre-magoa.html
"Você já sentiu, alguma vez, a dor causada por uma pancada na quina da mesa, da cama, ou de outro móvel qualquer? Sim, aquela pancada que quase nos faz perder os sentidos, e deixa um hematoma no corpo.
Em princípio surge uma marca avermelhada, depois arroxeada, e vai mudando de cor até desaparecer por completo. Geralmente o local fica dolorido, e sempre que o tocamos sentimos certo desconforto. A marca permanece por um tempo mais ou menos longo, conforme o organismo.
Agora imagine se, por distração, você bate novamente no mesmo lugar do hematoma. A dor é ainda maior e a cor se intensifica. Se isso se repetisse por inúmeras vezes, o problema poderia se agravar a tal ponto que a lesão se converteria num problema mais grave.
Com a mágoa acontece algo semelhante, com a diferença de que a marca é feita no coração e é causada por uma lesão afetiva. Num primeiro momento a marca é superficial, mas poderá se aprofundar mais e mais, caso haja ressentimento prolongado.
Ressentir quer dizer sentir outra vez e tornar a sentir muitas e muitas vezes. É por isso que o ressentimento vai aprofundando a marca deixada no coração.
Como acontece com as lesões sofridas no corpo, repetidas vezes no mesmo lugar, também o ressentimento pode causar sérios problemas a quem se permite o ressentir continuado. Se um hematoma durasse meses ou anos em nosso corpo, a possibilidade de se transformar em algo mais grave, até num câncer... seria grande. Isso também acontece com a mágoa agasalhada na alma por muito tempo.
Cada vez que nos lembramos do que motivou a mácula no coração, e nos permitimos sentir outra vez o estilete na alma, a mágoa vai se aprofundando mais e mais. Além da possibilidade de causar lesões, gera outros distúrbios nas emoções de quem a guarda no coração.
Por todas essas razões, vale a pena refletir sobre esse mal que tem feito muitas vítimas. Semelhante a um corrosivo, a mágoa vai minando a alegria, o entusiasmo, a esperança, e a amargura se instala. Silenciosa, ela compromete a saúde de quem a mantém e fomenta ódio, rancor, inimizade, antipatias.
Muitas vezes a mágoa se disfarça de amor-próprio para que seu portador consinta que ela permaneça em sua intimidade. E com o passar do tempo ela se converte num algoz terrível, mostrando-se mais poderosa do que a vontade de seu portador para eliminá-la.
De maneira, muitas vezes, imperceptível, a mágoa guardada vai se manifestando numa vingançazinha aqui, numa traiçãozinha ali, numa crueldade acolá. E de queda em queda a pessoa magoada vai descendo até o fundo do poço, sem medir as consequências de seus atos. Para evitar que isso aconteça conosco é preciso tomar alguns cuidados básicos:
O primeiro deles é proteger o campo das emoções, fortalecendo as fibras dos nobres sentimentos, não permitindo que a mágoa o penetre.
O segundo é tratar imediatamente a ferida antes que se torne mais profunda, caso a mágoa aconteça.
O terceiro é drenar, com o arado da razão, o lodo do melindre, que é terreno propício para a instalação da mágoa.
É importante tratar essa suscetibilidade à flor da pele, que nos deixa extremamente vulneráveis a essas marcas indesejáveis em nosso coração, tornando-nos pessoas amargas e infelizes. Agasalhar ódio, mágoa ou rancor no coração, é o mesmo que beber veneno com a intenção de matar o nosso agressor.
Pense nisso e não permita que esses "tóxicos" se instalem em seu coração.
Fonte: http://psicologo-paulocesar.blogspot.com.br/2012/05/sobre-magoa.html
sábado, abril 07, 2012
CÓLERA: UMA EMOÇÃO DESTRUTIVA
(Transcrito do JOURNAL OF MENTAL HEALTH de setembro de 1968)
Descobrimos e firmemente acreditamos que a cólera é uma emoção totalmente destrutiva, na qual jamais vimos algo de bom. A cólera prejudica quem a sente e geralmente fere as pessoas às quais ela é dirigida. Alguém sempre sai prejudicado, isso nunca falha. Essa faceta da cólera – a de ferir, prejudicar por si só já a caracteriza como uma emoção destrutiva, negativa, que precisa ser evitada a todo custo.
Quando afirmamos essas coisas, é comum ouvirmos contestações: “Ah, mas a cólera às vezes não é boa?”, “Não é ela que faz com que as pessoas ajam positivamente quando necessário, para que injustiças sejam reparadas?”, “Não é a cólera uma emoção necessária, cuja finalidade é boa quando usada adequadamente?”, “Ela não é necessária para a nossa sobrevivência?”, “O simples fato de a cólera existir não é prova suficiente de que tem uma boa finalidade?”, “Não seríamos todos uns grandes covardes sem a cólera?”. A todas essas perguntas e a muitas outras no mesmo sentido podemos responder com um sonoro NÃO! A CÓLERA NUNCA É BOA. ALÉM DE SEMPRE PREJUDICAR A PESSOA QUE A SENTE, ELA GERALMENTE ACABA PREJUDICANDO OUTRAS PESSOAS TAMBÉM. E NÃO É ÚTIL EM NENHUMA SITUAÇÃO.
Muita gente erroneamente acredita que a cólera é necessária para que possamos agir positivamente no sentido de reparar injustiças. Não é verdade. Podemos perfeitamente agir de forma positiva SEM CÓLERA. Na realidade, toda ação correta é praticada sem cólera. Não temos dúvida quanto a isso. Já passamos pelas duas situações e conhecemos perfeitamente os aspectos destrutivos da cólera. Sabemos que ela faz a pessoa “perder a cabeça”, dizer coisas de que vai se arrepender mais tarde ou que poderão causar danos irreparáveis a si mesma e a outras pessoas, provocar sentimento de culpa e remorso, podendo ainda arruinar uma situação de tal modo que chegue a ponto de destruir tudo o que de bom possa existir nessa situação.
Procure refletir sobre as ocasiões em que você esteve encolerizado. Não poderá deixar de admitir, sendo sincero, que as coisas poderiam ter sido resolvidas de maneira mais adequada se você não tivesse ficado com tanta raiva. Se alguma situação foi resolvida a contento, isso aconteceu a despeito da cólera, e não por causa dela.
A pessoa que se encoleriza perde o controle de si mesma. Faz e diz coisas que não faria ou diria se não estivesse sendo movida pela cólera. É deplorável não saber controlar-se. Na verdade, a pessoa dominada pela cólera não pode ser considerada realmente responsável por seus atos, embora o seja, é claro, sob o ponto de vista moral. O que estamos querendo frisar é que essa pessoa deixa de ser ela mesma, uma vez que faz e diz coisas que não faria ou diria se estivesse em seu estado normal.
Ao saber que poderá ser despedido e ficar em apuros para conseguir emprego em outro lugar, um funcionário pode, por exemplo, chegar a insultar o chefe num acesso de cólera. Sem dúvida nenhuma, isso é não saber controlar-se, é insanidade. Se o seu descontentamento é legítimo, ele bem que pode, ao contrário, procurar o chefe para expor o seu caso, SEM CÓLERA naturalmente. Qual dessas duas atitudes é a recomendável? Obviamente a segunda, uma vez que poderá resultar numa solução satisfatória. Não há nenhum exagero neste exemplo. Toda situação em que haja manifestação de cólera é de extrema gravidade, dado o aspecto violento dessa emoção. Por si só, entretanto, nenhuma situação provoca a cólera. O que a provoca, na verdade, é a reação da própria pessoa às situações em que se vê envolvida.
É comum as pessoas apresentarem exemplos de situações que, segundo acreditam, inevitavelmente provocam a cólera. E usam expressões tais como “justa indignação”, “cólera justificável”, etc. Afirmamos categoricamente, entretanto, que não existe nenhuma situação que justifique a cólera, como também não existe o que classificam como “justa indignação”.
Qualquer situação pode ser enfrentada de maneira satisfatória sem cólera, que não é absolutamente necessária para que se faça o que deve ser feito. Pelo intelecto e com calma, pode-se muito bem perceber quando uma situação é prejudicial e precisa ser corrigida, ponderar em seguida sobre o que deve ser feito, e pôr em prática o que for decidido. Tudo sem cólera, naturalmente. Sabemos que isso é possível e que funciona, pois nós mesmos, embora já não o façamos mais, éramos dos que costumávamos ficar encolerizados. Descobrimos, porém, que as situações podem ser eficazes e adequadamente controladas sem cólera. Somos capazes agora de agir e conseguir reparações de erros ou injustiças sem nos deixarmos dominar por essa emoção. Realmente, não deixa de ser um verdadeiro milagre essa nossa transformação!
Também achávamos que era legítimo sentir cólera. Tínhamos muitas histórias e exemplos para tentar “provar que a nossa cólera era justificada”. Acabamos, porém, nos convencendo do contrário. Somos capazes agora de reagir com serenidade a situações que antes nos serviam de desculpa para justificar nossos acessos de cólera. Como já passamos pela experiência de sentir e de não sentir cólera, podemos enfaticamente assegurar que ela é sempre nociva. Quando refletimos sobre as situações nas quais nos deixávamos encolerizar, podemos perceber claramente que estávamos errados em cada uma dessas situações.
Agora que já não sentimos cólera, nossa vida é muito boa e feliz. Era angustiante e infeliz quando nos deixávamos levar por essa emoção, por mais ligeira que fosse. A cólera também provoca o surgimento de outras emoções torturantes. Quem se encoleriza geralmente planeja vingança, sente autopiedade, joga a culpa em outras pessoas, e acaba sendo vítima da depressão.
O fato de a cólera poder ser sentida pelos seres humanos não é razão suficiente para que seja usada ou justificada. A sua inclusão no rol das emoções humanas não quer dizer que ela seja benéfica. Qualquer pessoa também é potencialmente capaz de cometer um assassinato. Isso, entretanto, não significa que o desejo de matar deva ser realizado só porque ele existe. Argumentar nesse sentido é um absurdo. É até possível que não haja nenhum ser humano que não tenha alguma vez, em algum lugar, por uma fração de segundo que fosse, sentido o desejo de matar. Cremos, porém, que todo o mundo concorda que não devemos absolutamente dar vazão a esse desejo. Podemos, portanto, rejeitar definitivamente esse argumento de que uma emoção deve ser considerada boa simplesmente porque ela existe.
Sabemos que todos os seres humanos estão sujeitos a sentir cólera, e que também não se consegue eliminá-la completamente. Mesmo com a melhor das intenções e gozando de saúde mental, a pessoa pode às vezes ficar irritada, enraivecida, seriamente zangada. Entretanto, quando se dá conta do poder destrutivo da cólera e procura viver sem ela, em espírito de amor e cooperação, essa emoção pode ser reduzida e controlada até chegar a não lhe causar mais nenhum distúrbio. Sua vida será então plenamente feliz.
A pessoa que alimenta sua cólera COM TODA A CERTEZA FICARÁ MENTAL E EMOCIONALMENTE DOENTE. É só experimentar para ver. A cólera gera doença, enquanto que o amor resulta em felicidade. Se você estiver emocionalmente equilibrado, por certo vai concordar conosco. Se estiver dominado pela cólera e doente, provavelmente vai discordar. Neste caso, seja sincero e tente viver sem cólera antes de chegar a uma opinião definitiva. E se ainda continuar sentindo cólera e com a vida transtornada, muito dificilmente estará em condições de argumentar conosco. Só poderá falar com real conhecimento de causa quando tiver experimentado as duas coisas: a vida com cólera e a vida sem cólera. Como já temos experimentado de ambas, sabemos muito bem o que estamos dizendo. Agora, se você conseguir realmente viver sem cólera e mesmo assim achar que ela é boa, venha discutir o assunto conosco. SEM CÓLERA, é claro. Tendo então passado por essa experiência, estamos certos de que você vai concordar conosco a respeito dessa emoção.
Não estamos absolutamente pregando um pacifismo indiferente. Achamos que as decisões que se façam necessárias devem ser tomadas – mas que sejam tomadas sem cólera. Resultados muito mais satisfatórios são conseguidos quando agimos sem cólera. É claro que sempre há situações que precisam ser corrigidas, às vezes encontramos pessoas que nos ofendem, nos maltratam. A cólera, porém, não pode ser considerada a reação inevitável. Quem ofende, quem maltrata, demonstra encontrar-se mais doente do que a vítima de suas agressões. Só merece compaixão. Não se deve querer pagá-la na mesma moeda. Medidas podem ser tomadas, naturalmente, para que desista de suas afrontas, porém sem que se queira pagar na mesma moeda. Quem se vinga outro resultado não consegue senão prejudicar-se seriamente.
Há emoções que têm aspectos positivos e aspectos negativos. A cólera não é uma delas, uma vez que se mostra totalmente negativa, nada tem de positivo. O medo, por exemplo, apresenta ambos os aspectos. Quando não se desvia da normalidade, ele é necessário para a sobrevivência, ajuda-nos a evitar o perigo. Esse aspecto é positivo. Entretanto, aquele medo nebuloso e penetrante da doença emocional, é o medo em seu aspecto negativo e destruidor, que pode chegar a ser totalmente incapacitante. E isso qualquer neurótico pode confirmar. Quem sente esse tipo de medo muitas vezes nem sabe do que é que realmente tem medo. Havia muitos entre nós que tinham medo de sair de casa e até mesmo de atender telefone. E não sabiam por quê. Era medo com M maiúsculo. No caso da cólera, não conseguimos descobrir nenhum aspecto positivo. Ela nunca nos ajudou, como acontecia e ainda acontece com o medo positivo. Só serviu para prejudicar-nos. Sempre que a ela recorríamos, saíamos perdendo, sofrendo amargas consequências.
“CÓLERA: A EMOÇÃO DESTRUTIVA” era o título que estivemos propensos a dar a este artigo. A cólera, entretanto, não é a única emoção destrutiva, sendo até bem possível que não seja a mais importante de todas, mas apenas uma entre muitas. Dentre elas, podemos mencionar o medo em seu aspecto negativo, a autopiedade, o ressentimento, o ódio, a inveja, o ciúme, a impaciência, a intolerância. Um inventário dos defeitos de caráter certamente revelará muitas outras emoções dessa natureza, as quais podem prejudicar seriamente quem as alimenta.
Lançamos aqui um desafio: se você acha que pode sentir cólera e ser feliz, vá em frente, tire o máximo proveito disso e depois venha contar-nos o resultado. Aí, então, se estiver verdadeiramente feliz com sua cólera, retiraremos tudo o que dissemos neste artigo. Ainda estamos para ver uma pessoa que se deixe ficar encolerizada e seja feliz. Não foi fácil escrever as palavras “encolerizada” e “feliz” associadas uma à outra. É coisa que parece fora do normal. Experimente. Pegue papel e lápis e tente escrever, por exemplo, “uma pessoa encolerizada e feliz”. Nossas mentes simplesmente se rebelam. “Encolerizada” e “feliz” não se harmonizam. Seria o mesmo que escrever “um pessoa rancorosa, muito afetuosa”. Verdadeiro absurdo! Agora, se você continua achando que pode sentir cólera e ser feliz, seria melhor que verificasse seus conhecimentos da língua antes de querer convencer-nos dos “bons” aspectos dessa emoção.
Não estamos nos fundamentando em princípios morais para declarar que a cólera é nociva e destrutiva. Afirmamos isso porque ela causa sérios danos às pessoas que a sentem, e esse é um motivo de ordem prática, fundamentado na experiência. As teorias podem ser postas de lado. A verdade é que a cólera realmente prejudica, e por isso ela é nociva e destrutiva.
Se você deseja, tanto quanto nós, ter paz de espírito e felicidade, ponha a CÓLERA na categoria dos venenos. Destrutiva como é, ela pode até mesmo matar. Pessoas há que acabam com a própria vida ou cometem assassinato movidas pela cólera. Ela é de fato venenosa. Muitas emoções são venenosas, e seu veneno pode espalhar-se por todo o organismo e devastá-lo. Até a morte, repetimos, pode causar. Embora possivelmente mais fraco que o arsênico ou a estricnina, não deixa de ser tão nocivo quanto eles. Precisamos colocar um rótulo com a caveira e os dois ossos cruzados na cólera se quisermos garantir o nosso bem-estar. Outro título que também serviria para este artigo podia muito bem ser o seguinte:
“CÓLERA: UMA EMOÇÃO VENENOSA”
(Texto retirado do Livro Vermelho – p.64 a 70)
Fonte: Terapia_DozePAssos@yahoogrupos.com.br
terça-feira, fevereiro 28, 2012
Você tem raiva? O que fazer com ela?
que é raiva? É o sentimento de sentir-se irritado, ofendido, ser posto de lado, molestado, importunado, enraivecido.
As pessoas ficam com raiva quando foram magoadas; assim, de vez em quando, não há quem não fique com raiva. Quando alguém lhe disser que nunca ficou com raiva, na verdade essa pessoa está dizendo que nunca reconheceu sua raiva.
A maior parte das pessoas tem medo do sentimento de raiva, medo de perderem o controle, de serem violentas ou têm vergonha de dizer que estão enraivecidas. Como se a raiva fosse um sentimento menos nobre, mas é um sentimento como outro qualquer, como a dor, amor, carinho, saudade.
O primeiro passo para lidar com a raiva é enraivecendo-se. Ou seja, tornando a raiva reconhecida e não fazendo de conta que ela não existe.
O segundo passo é dirigir a raiva contra um alvo apropriado. Mas expressar a raiva é uma reação muito natural e saudável e é necessária para manter nossas emoções equilibradas.
O problema vem quando a fonte de nossa mágoa não está a disposição para ficarmos enraivecidos ou quando não conseguimos falar. Isso provoca uma dor de tal forma inaceitável que a raiva fica bloqueada e os sentimentos ficam gritando dentro de nós.
A raiva reprimida só faz aumentar a mágoa que a originou. As defesas que impedem a raiva de fluir naturalmente para fora, ficam dentro de você, dirigindo-se contra você. Sempre alguém paga pela raiva e é melhor que seja quem causou a dor do que você que a recebeu. Ao segurar a raiva dentro de si mesmo você estará se punindo. Se você deixar ela sair isso vai aliviar seu coração e iniciar a cura.
As pessoas cronicamente enraivecidas, aquelas cheias de mágoas não expressas muitas vezes se sentem roubadas pela vida e acusam os outros por seus problemas. Raramente recebem aquilo que acham que merecem. Não entendem que poucas pessoas conseguem, durante sua vida, uma boa quantidade seja lá do que for, sem trabalhar muito para isso. Mas admitir isso significaria que a pessoa teria que aceitar parte de sua parcela de contribuição para a situação chegar onde chegou. E é muito mais fácil culpar os outros pelos rumos de nossa vida ou pelas coisas que não dão certo do que parar para analisar onde estamos contribuindo para estarmos assim.
É importante compreender que as únicas pessoas que não ficam magoadas, e que, portanto, não ficam com raiva, são as que proclamam ser invulneráveis. E gente invulnerável é gente dura, sem sentimento. São pessoas que não capazes de reagir aos sentimentos de outras pessoas, nem de compartilhar tais sentimentos, nem de serem íntimas delas, por não terem acesso aos próprios sentimentos.
As pessoas que tem medo de manifestar raiva não percebem que os dois extremos são ruins, “armar barraco” e ficar calado. É necessário encontrar um meio termo. É importante, pelo menos para a pessoa magoada, que ela possa expressar isso. Para não entrar em tons acusatórios do tipo “você me fez isso”, é possível usar expressões do tipo: “lembra do que aconteceu ontem? EU me senti muito mal...”.
No entanto, se você não puder, não souber ou não tiver oportunidade, mesmo assim, coloque sua raiva para fora. Encontre um local onde você possa gritar muito, escrever uma carta muito furiosa e mal educada e não colocar no correio, telefonar para a pessoa que a magoou sem tirar o fone do gancho deixando toda a sua raiva explodir, socar um travesseiro, rasgar uma revista inteira...
O importante é não guardar raiva dentro de você, porque raiva guardada se torna rancor e começa a tomar da vida o seu significado, nos trazendo a depressão.
Extravasar a raiva quando você a sentir é toda a diferença para nosso bem estar.
Ieda Dreger
Psicóloga, com especialização em Psicoterapia de família e de casal, também em sexualidade humana (masculina e feminina) e formação em psicoterpia cognitivo comportamental.
Retirado de: http://iedadreger.blogspot.com/
As pessoas ficam com raiva quando foram magoadas; assim, de vez em quando, não há quem não fique com raiva. Quando alguém lhe disser que nunca ficou com raiva, na verdade essa pessoa está dizendo que nunca reconheceu sua raiva.
A maior parte das pessoas tem medo do sentimento de raiva, medo de perderem o controle, de serem violentas ou têm vergonha de dizer que estão enraivecidas. Como se a raiva fosse um sentimento menos nobre, mas é um sentimento como outro qualquer, como a dor, amor, carinho, saudade.
O primeiro passo para lidar com a raiva é enraivecendo-se. Ou seja, tornando a raiva reconhecida e não fazendo de conta que ela não existe.
O segundo passo é dirigir a raiva contra um alvo apropriado. Mas expressar a raiva é uma reação muito natural e saudável e é necessária para manter nossas emoções equilibradas.
O problema vem quando a fonte de nossa mágoa não está a disposição para ficarmos enraivecidos ou quando não conseguimos falar. Isso provoca uma dor de tal forma inaceitável que a raiva fica bloqueada e os sentimentos ficam gritando dentro de nós.
A raiva reprimida só faz aumentar a mágoa que a originou. As defesas que impedem a raiva de fluir naturalmente para fora, ficam dentro de você, dirigindo-se contra você. Sempre alguém paga pela raiva e é melhor que seja quem causou a dor do que você que a recebeu. Ao segurar a raiva dentro de si mesmo você estará se punindo. Se você deixar ela sair isso vai aliviar seu coração e iniciar a cura.
As pessoas cronicamente enraivecidas, aquelas cheias de mágoas não expressas muitas vezes se sentem roubadas pela vida e acusam os outros por seus problemas. Raramente recebem aquilo que acham que merecem. Não entendem que poucas pessoas conseguem, durante sua vida, uma boa quantidade seja lá do que for, sem trabalhar muito para isso. Mas admitir isso significaria que a pessoa teria que aceitar parte de sua parcela de contribuição para a situação chegar onde chegou. E é muito mais fácil culpar os outros pelos rumos de nossa vida ou pelas coisas que não dão certo do que parar para analisar onde estamos contribuindo para estarmos assim.
É importante compreender que as únicas pessoas que não ficam magoadas, e que, portanto, não ficam com raiva, são as que proclamam ser invulneráveis. E gente invulnerável é gente dura, sem sentimento. São pessoas que não capazes de reagir aos sentimentos de outras pessoas, nem de compartilhar tais sentimentos, nem de serem íntimas delas, por não terem acesso aos próprios sentimentos.
As pessoas que tem medo de manifestar raiva não percebem que os dois extremos são ruins, “armar barraco” e ficar calado. É necessário encontrar um meio termo. É importante, pelo menos para a pessoa magoada, que ela possa expressar isso. Para não entrar em tons acusatórios do tipo “você me fez isso”, é possível usar expressões do tipo: “lembra do que aconteceu ontem? EU me senti muito mal...”.
No entanto, se você não puder, não souber ou não tiver oportunidade, mesmo assim, coloque sua raiva para fora. Encontre um local onde você possa gritar muito, escrever uma carta muito furiosa e mal educada e não colocar no correio, telefonar para a pessoa que a magoou sem tirar o fone do gancho deixando toda a sua raiva explodir, socar um travesseiro, rasgar uma revista inteira...
O importante é não guardar raiva dentro de você, porque raiva guardada se torna rancor e começa a tomar da vida o seu significado, nos trazendo a depressão.
Extravasar a raiva quando você a sentir é toda a diferença para nosso bem estar.
Ieda Dreger
Psicóloga, com especialização em Psicoterapia de família e de casal, também em sexualidade humana (masculina e feminina) e formação em psicoterpia cognitivo comportamental.
Retirado de: http://iedadreger.blogspot.com/
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
COMO LIDAR COM A RAIVA
A raiva constitui-se como uma emoção humana normal e habitualmente saudável. Os problemas
surgem quando se torna descontrolada e destrutiva, podendo afectar o trabalho, a escola, as relações
pessoais e a qualidade de vida no geral. O descontrolo leva a que te sintas “à mercê” de uma emoção
imprevisível e poderosa.
Definição de “raiva”
De um modo geral, a raiva define-se como um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou
frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente ferido ou
ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as pessoas. Alguns psicólogos
apontam o desenvolvimento moral e psicológico do indivíduo como determinante na maneira como a
raiva é exteriorizada.
Este sentimento pode ser despoletado por acontecimentos externos e internos. Pode ficar-se
zangado/com raiva em relação a uma pessoa específica (p.e. um colega) ou acontecimento (p.e.
engarrafamento no trânsito). A raiva pode ainda ser causada por preocupação excessiva ou
focalização nos problemas pessoais. As memórias de acontecimentos traumáticos ou marcantes
também podem desencadear esta emoção.
Sinais de alerta
Quando as pessoas ficam com raiva, tendem a experienciar variados pensamentos, sentimentos e
reacções físicas. Para alguns, os sentimentos tornam-se tão arrebatadores que parecem estar
“prestes a explodir”. Outros podem não saber que estão muito zangados com a situação, mas
sentem-se doentes, culpados ou reagem exageradamente a outras situações.
Seguidamente são apresentadas algumas expressões directas e indirectas de raiva.
Sinais directos: elevação do volume da voz, praguejo, dores de cabeça, dores de estômago, aperto
na garganta, aumento do ritmo cardíaco, aumento da pressão sanguínea, punhos cerrados, ameaças,
violência, pressão, hostilidade, fúria, ressentimento.
Sinais indirectos: excesso de sono, fadiga crónica, ansiedade, entorpecimento, depressão,
aborrecimento, exagero, perda de apetite, choro, crítica constante, piadas más ou hostis, abuso de
álcool ou drogas.
Muitas pessoas experienciam estes sinais gerais de raiva. Saber identificá-los constitui-se como o
primeiro passo para melhor lidar com eles. Alguns sentimentos e pensamentos ocorrem quando a
raiva surge; outros surgem à medida que a raiva aumenta.
De modo a identificar de que modo os teus sintomas se desenvolvem, tenta pensar em situações
passadas em que te parece que a raiva esteve presente e tenta recordar que sentimentos e
pensamentos a acompanharam. Será bastante útil pensar em situações em que experienciaste
diferentes níveis de raiva, de modo a melhor compreender como os teus sentimentos, pensamentos e
sintomas físicos se foram modificando.
Formas de expressar raiva
A maneira mais natural e instintiva de expressar raiva é através de respostas agressivas. A raiva é
uma resposta natural, adaptativa a ameaças; desencadeia sentimentos e comportamentos
poderosos, frequentemente agressivos, que te permite lutar ou defender quando és atacado/a. Uma
certa quantidade de raiva é, portanto, necessária para a nossa sobrevivência.
Por outro lado, não podes descarregar em cada pessoa ou objecto que te irrita ou chateia; as leis,
normas sociais e senso comum estabelecem limites à expressão da nossa raiva.
As pessoas servem-se de uma variedade de processos, conscientes e inconscientes, para tentar lidar
com estes sentimentos de um modo eficaz e socialmente adequado. Três deles são seguidamente
destacados:
• Expressar os sentimentos de raiva de um modo assertivo (e não agressivo). Tal implica
apresentares claramente as tuas necessidades e como podem ser satisfeitas, sem prejudicar
os outros. O respeito do próprio e dos outros é regra de ouro!
• Suprimir os sentimentos. Isto acontece quando reténs a raiva, deixas de pensar nela e te
focalizas em coisas positivas. O objectivo é inibir a raiva e convertê-la em comportamentos
mais construtivos. O perigo é que, ao não permitir a expressão externa da raiva, ela se vá
expressar internamente (p.e. hipertensão, depressão).
• Acalmar/relaxar. Isto implica, não só controlares a expressão do comportamento mas
também as respostas internas. Em última instância, também os sentimentos são “amenizados”.
Não ser capaz de expressar adequadamente os sentimentos de raiva pode gerar outros problemas.
Concretamente, pode levar a expressões patológicas da raiva, tais como comportamento
passivo-agressivo ou uma atitude perpetuamente cínica e hostil. As pessoas que rebaixam
constantemente os outros, que criticam tudo e que fazem comentários cínicos, não aprenderam a
expressar a sua raiva de um modo construtivo. Habitualmente, são pessoas com poucos
relacionamentos satisfatórios.
Mas atenção! Isto não se deve constituir como desculpa para “pores tudo cá para fora”. Algumas
pessoas podem usar estas ideias como licença para magoar os outros e isso pode ser bastante
prejudicial. Os estudos mostram que esta “explosão” pode fomentar ainda mais a agressividade e
raiva, para além de não te ajudar a resolver a situação.
Deste modo, é preferível saberes o que despoleta a raiva e, posteriormente, desenvolveres
estratégias que impeçam a escalada prejudicial dos sentimentos.
Formas de lidar com a raiva eficaz e autonomamente
Só é possível delinear e recorrer a estratégias eficazes se se conhecerem em pormenor os contornos
da experiência de raiva: o que penso? o que sinto?. O objectivo destas estratégias não é erradicar
totalmente as manifestações de raiva do teu repertório comportamental. O que teria acontecido se os
nossos antepassados não tivessem recorrido à agressividade para sobreviverem nos tempos em que
vigorava a “lei do mais forte”? Assim, o que se pretende é que consigas fazer um discernimento
racional das situações em que a raiva pode ser adaptativa e que mantenhas o controlo!
Lidar com sentimentos e pensamentos
Quando pensas em situações que te provocaram raiva, é provável que também te recordes de
sentimentos intensos de raiva, tão avassaladores que te levaram a agir de modos que não
melhoraram a situação.
Para melhor compreenderes e controlares estes sentimentos, é necessário analisar um outro aspecto
destas situações: os teus pensamentos.
Etapa n.º 1: Analisa. Da próxima vez que te chateares com alguma coisa ou alguém, procura reter
os pensamentos que te surgiram acerca daquela situação ou pessoa. Assim que possível, aponta-os
e, ao longo do tempo, faz uma listagem com vários destes pensamentos.
Etapa n.º2: Avalia. É importante que avalies cuidadosamente os teus pensamentos. São
precisos/exactos ou distorcidos? Os pensamentos distorcidos são inapropriados ou inexactos e
podem assumir várias formas, nomeadamente:
• Rotulagem: atribuição de um rótulo negativo sem considerar outras hipóteses ou
evidências. P.e. “Ele é um idiota”.
• Maximização: quando se avalia alguém, maximiza-se a componente negativa e
minimiza-se a positiva. P.e. “A minha professora deu-me uma nota baixa, ela é tão injusta” (mas
também te deu várias notas positivas).
• Personalização: acreditar que os outros estão a reagir directamente contra ti, sem
considerares quaisquer explicações mais plausíveis para o seu comportamento. P.e. “Aquele
rapaz é frio porque se acha superior a mim” (se calhar, esse rapaz recebeu foi notícias
negativas da sua família…).
• Visão em túnel: apenas os aspectos negativos da situação são considerados. P.e. “O
meu professor não consegue fazer nada bem. É crítico, insensível e não dá bem a matéria”.
• Pensamento “tudo ou nada”: a situação é encarada apenas segundo duas categorias e
não num contínuo. P.e. “O meu amigo não concorda comigo nesta questão por isso ele não me
apoia em nada”.
• Estar certo: tentas continuamente provar que as tuas opiniões e acções são as correctas.
Estares errado/a é impensável. P.e. “Gritar para a minha colega foi totalmente justificado. Ela
mereceu-o pelo que fez”.
Etapa n.º 3: Encontra outras formas mais adaptativas de pensar sobre a situação. Para cada
pensamento distorcido, tenta encontrar uma forma alternativa, mais adaptativa e que não te faça
sentir tão zangado/a. Isto pode envolver a exploração dos aspectos positivos de uma pessoa ou
situação, identificar outras razões possíveis para o comportamento da pessoa, ou olhar de um modo
“mais abrangente” para a situação.
Etapa n.º 4: Praticar as etapas anteriores. Esta análise deve ser praticada todos os dias de modo a
ser eficaz. À medida que se torna mais fácil, ficarás mais competente na identificação dos teus
pensamentos perante uma situação que te provoque raiva. Ao identificar pensamentos distorcidos e
substituí-los por outros mais adaptativos, podes evitar ficar tão “imerso/a” na raiva.
Lidar com sintomas físicos
O conselho mais comum quando estamos perante alguém muito zangado é “Tem calma” ou “Relaxa”.
Estas afirmações pretendem responder aos sintomas físicos da raiva, os quais geram tensão no
corpo ao ponto de parecer prestes a explodir. Aprender como relaxar pode ajudar-te a melhor
controlar os sinais físicos da raiva.
Respiração profunda: quando te sentes enraivecido/a, é importante dispores de uma técnica de
relaxamento que funcione rapidamente e em qualquer situação. A respiração profunda é exemplo
disso e permite que o organismo absorva mais oxigénio, para além de diminuir o ritmo cardíaco e
evitar que a adrenalina chegue tão rapidamente à corrente sanguínea. Esta respiração é profunda
porque envolve a área do estômago ou diafragma, e não o peito. É rítmica e lenta.
Ao detectares alterações físicas indicativas de sentimentos de raiva, pára um momento e focaliza-te
na tua respiração: habitualmente, será rápida e superficial. Se quebrares este ciclo e voluntariamente
começares a respirar lentamente e pelo diafragma, o organismo irá responder e as alterações físicas
serão amenizadas. Os músculos começam a relaxar e a sensação de tensão a diminuir.
Esta breve pausa pode também dar-te a oportunidade para te recompores, controlares os teus
sentimentos, mudares os teus pensamentos e lidar com a situação de um modo mais eficaz.
Relaxamento muscular progressivo: esta técnica envolve a contracção e relaxamento sistemático
dos principais grupos musculares do corpo. Esta técnica pode ajudar-te a localizar áreas no teu corpo
que estão tensas ou presas e, seguidamente, relaxá-las. Aplicada à situação que evoca raiva, pode
ajudar a diminuir tais sentimentos, assim como a ficares mais relaxado/a e menos zangado/a quando
a situação terminar.
No texto “Aprender a Relaxar”, também disponibilizado na secção Textos de Auto-Ajuda, poderás
obter mais informações acerca desta técnica.
Trabalho psicoterapêutico
Se as sugestões anteriormente apresentadas não te ajudarem a lidar com a raiva de um modo mais
eficaz ou se tiveres um problema de controlo sério, aconselhamos-te a procurares a ajuda de um
psicólogo (o GAPsi é uma opção viável nesse sentido).
A etapa mais importante é encontrar alguém que te ajude a sentir mais controlado/a. Falar com
alguém pode ajudar a prevenir que situações perigosas ou prejudiciais ocorram. A psicoterapia pode
também ajudar-te a sentires-te melhor contigo e a melhorares as suas competências comunicativas e
de relacionamento com os outros.
The Student Counseling Virtual Pamphlet Collection, http://counseling.uchicago.edu/vpc/ e
www.apa.org/topics/controlanger.htlm
traduzidos e adaptados por Ana Martins, Psicóloga Estagiária do GAPsi – Gabinete de Apoio Psicopedagógico
2009
surgem quando se torna descontrolada e destrutiva, podendo afectar o trabalho, a escola, as relações
pessoais e a qualidade de vida no geral. O descontrolo leva a que te sintas “à mercê” de uma emoção
imprevisível e poderosa.
Definição de “raiva”
De um modo geral, a raiva define-se como um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou
frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente ferido ou
ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as pessoas. Alguns psicólogos
apontam o desenvolvimento moral e psicológico do indivíduo como determinante na maneira como a
raiva é exteriorizada.
Este sentimento pode ser despoletado por acontecimentos externos e internos. Pode ficar-se
zangado/com raiva em relação a uma pessoa específica (p.e. um colega) ou acontecimento (p.e.
engarrafamento no trânsito). A raiva pode ainda ser causada por preocupação excessiva ou
focalização nos problemas pessoais. As memórias de acontecimentos traumáticos ou marcantes
também podem desencadear esta emoção.
Sinais de alerta
Quando as pessoas ficam com raiva, tendem a experienciar variados pensamentos, sentimentos e
reacções físicas. Para alguns, os sentimentos tornam-se tão arrebatadores que parecem estar
“prestes a explodir”. Outros podem não saber que estão muito zangados com a situação, mas
sentem-se doentes, culpados ou reagem exageradamente a outras situações.
Seguidamente são apresentadas algumas expressões directas e indirectas de raiva.
Sinais directos: elevação do volume da voz, praguejo, dores de cabeça, dores de estômago, aperto
na garganta, aumento do ritmo cardíaco, aumento da pressão sanguínea, punhos cerrados, ameaças,
violência, pressão, hostilidade, fúria, ressentimento.
Sinais indirectos: excesso de sono, fadiga crónica, ansiedade, entorpecimento, depressão,
aborrecimento, exagero, perda de apetite, choro, crítica constante, piadas más ou hostis, abuso de
álcool ou drogas.
Muitas pessoas experienciam estes sinais gerais de raiva. Saber identificá-los constitui-se como o
primeiro passo para melhor lidar com eles. Alguns sentimentos e pensamentos ocorrem quando a
raiva surge; outros surgem à medida que a raiva aumenta.
De modo a identificar de que modo os teus sintomas se desenvolvem, tenta pensar em situações
passadas em que te parece que a raiva esteve presente e tenta recordar que sentimentos e
pensamentos a acompanharam. Será bastante útil pensar em situações em que experienciaste
diferentes níveis de raiva, de modo a melhor compreender como os teus sentimentos, pensamentos e
sintomas físicos se foram modificando.
Formas de expressar raiva
A maneira mais natural e instintiva de expressar raiva é através de respostas agressivas. A raiva é
uma resposta natural, adaptativa a ameaças; desencadeia sentimentos e comportamentos
poderosos, frequentemente agressivos, que te permite lutar ou defender quando és atacado/a. Uma
certa quantidade de raiva é, portanto, necessária para a nossa sobrevivência.
Por outro lado, não podes descarregar em cada pessoa ou objecto que te irrita ou chateia; as leis,
normas sociais e senso comum estabelecem limites à expressão da nossa raiva.
As pessoas servem-se de uma variedade de processos, conscientes e inconscientes, para tentar lidar
com estes sentimentos de um modo eficaz e socialmente adequado. Três deles são seguidamente
destacados:
• Expressar os sentimentos de raiva de um modo assertivo (e não agressivo). Tal implica
apresentares claramente as tuas necessidades e como podem ser satisfeitas, sem prejudicar
os outros. O respeito do próprio e dos outros é regra de ouro!
• Suprimir os sentimentos. Isto acontece quando reténs a raiva, deixas de pensar nela e te
focalizas em coisas positivas. O objectivo é inibir a raiva e convertê-la em comportamentos
mais construtivos. O perigo é que, ao não permitir a expressão externa da raiva, ela se vá
expressar internamente (p.e. hipertensão, depressão).
• Acalmar/relaxar. Isto implica, não só controlares a expressão do comportamento mas
também as respostas internas. Em última instância, também os sentimentos são “amenizados”.
Não ser capaz de expressar adequadamente os sentimentos de raiva pode gerar outros problemas.
Concretamente, pode levar a expressões patológicas da raiva, tais como comportamento
passivo-agressivo ou uma atitude perpetuamente cínica e hostil. As pessoas que rebaixam
constantemente os outros, que criticam tudo e que fazem comentários cínicos, não aprenderam a
expressar a sua raiva de um modo construtivo. Habitualmente, são pessoas com poucos
relacionamentos satisfatórios.
Mas atenção! Isto não se deve constituir como desculpa para “pores tudo cá para fora”. Algumas
pessoas podem usar estas ideias como licença para magoar os outros e isso pode ser bastante
prejudicial. Os estudos mostram que esta “explosão” pode fomentar ainda mais a agressividade e
raiva, para além de não te ajudar a resolver a situação.
Deste modo, é preferível saberes o que despoleta a raiva e, posteriormente, desenvolveres
estratégias que impeçam a escalada prejudicial dos sentimentos.
Formas de lidar com a raiva eficaz e autonomamente
Só é possível delinear e recorrer a estratégias eficazes se se conhecerem em pormenor os contornos
da experiência de raiva: o que penso? o que sinto?. O objectivo destas estratégias não é erradicar
totalmente as manifestações de raiva do teu repertório comportamental. O que teria acontecido se os
nossos antepassados não tivessem recorrido à agressividade para sobreviverem nos tempos em que
vigorava a “lei do mais forte”? Assim, o que se pretende é que consigas fazer um discernimento
racional das situações em que a raiva pode ser adaptativa e que mantenhas o controlo!
Lidar com sentimentos e pensamentos
Quando pensas em situações que te provocaram raiva, é provável que também te recordes de
sentimentos intensos de raiva, tão avassaladores que te levaram a agir de modos que não
melhoraram a situação.
Para melhor compreenderes e controlares estes sentimentos, é necessário analisar um outro aspecto
destas situações: os teus pensamentos.
Etapa n.º 1: Analisa. Da próxima vez que te chateares com alguma coisa ou alguém, procura reter
os pensamentos que te surgiram acerca daquela situação ou pessoa. Assim que possível, aponta-os
e, ao longo do tempo, faz uma listagem com vários destes pensamentos.
Etapa n.º2: Avalia. É importante que avalies cuidadosamente os teus pensamentos. São
precisos/exactos ou distorcidos? Os pensamentos distorcidos são inapropriados ou inexactos e
podem assumir várias formas, nomeadamente:
• Rotulagem: atribuição de um rótulo negativo sem considerar outras hipóteses ou
evidências. P.e. “Ele é um idiota”.
• Maximização: quando se avalia alguém, maximiza-se a componente negativa e
minimiza-se a positiva. P.e. “A minha professora deu-me uma nota baixa, ela é tão injusta” (mas
também te deu várias notas positivas).
• Personalização: acreditar que os outros estão a reagir directamente contra ti, sem
considerares quaisquer explicações mais plausíveis para o seu comportamento. P.e. “Aquele
rapaz é frio porque se acha superior a mim” (se calhar, esse rapaz recebeu foi notícias
negativas da sua família…).
• Visão em túnel: apenas os aspectos negativos da situação são considerados. P.e. “O
meu professor não consegue fazer nada bem. É crítico, insensível e não dá bem a matéria”.
• Pensamento “tudo ou nada”: a situação é encarada apenas segundo duas categorias e
não num contínuo. P.e. “O meu amigo não concorda comigo nesta questão por isso ele não me
apoia em nada”.
• Estar certo: tentas continuamente provar que as tuas opiniões e acções são as correctas.
Estares errado/a é impensável. P.e. “Gritar para a minha colega foi totalmente justificado. Ela
mereceu-o pelo que fez”.
Etapa n.º 3: Encontra outras formas mais adaptativas de pensar sobre a situação. Para cada
pensamento distorcido, tenta encontrar uma forma alternativa, mais adaptativa e que não te faça
sentir tão zangado/a. Isto pode envolver a exploração dos aspectos positivos de uma pessoa ou
situação, identificar outras razões possíveis para o comportamento da pessoa, ou olhar de um modo
“mais abrangente” para a situação.
Etapa n.º 4: Praticar as etapas anteriores. Esta análise deve ser praticada todos os dias de modo a
ser eficaz. À medida que se torna mais fácil, ficarás mais competente na identificação dos teus
pensamentos perante uma situação que te provoque raiva. Ao identificar pensamentos distorcidos e
substituí-los por outros mais adaptativos, podes evitar ficar tão “imerso/a” na raiva.
Lidar com sintomas físicos
O conselho mais comum quando estamos perante alguém muito zangado é “Tem calma” ou “Relaxa”.
Estas afirmações pretendem responder aos sintomas físicos da raiva, os quais geram tensão no
corpo ao ponto de parecer prestes a explodir. Aprender como relaxar pode ajudar-te a melhor
controlar os sinais físicos da raiva.
Respiração profunda: quando te sentes enraivecido/a, é importante dispores de uma técnica de
relaxamento que funcione rapidamente e em qualquer situação. A respiração profunda é exemplo
disso e permite que o organismo absorva mais oxigénio, para além de diminuir o ritmo cardíaco e
evitar que a adrenalina chegue tão rapidamente à corrente sanguínea. Esta respiração é profunda
porque envolve a área do estômago ou diafragma, e não o peito. É rítmica e lenta.
Ao detectares alterações físicas indicativas de sentimentos de raiva, pára um momento e focaliza-te
na tua respiração: habitualmente, será rápida e superficial. Se quebrares este ciclo e voluntariamente
começares a respirar lentamente e pelo diafragma, o organismo irá responder e as alterações físicas
serão amenizadas. Os músculos começam a relaxar e a sensação de tensão a diminuir.
Esta breve pausa pode também dar-te a oportunidade para te recompores, controlares os teus
sentimentos, mudares os teus pensamentos e lidar com a situação de um modo mais eficaz.
Relaxamento muscular progressivo: esta técnica envolve a contracção e relaxamento sistemático
dos principais grupos musculares do corpo. Esta técnica pode ajudar-te a localizar áreas no teu corpo
que estão tensas ou presas e, seguidamente, relaxá-las. Aplicada à situação que evoca raiva, pode
ajudar a diminuir tais sentimentos, assim como a ficares mais relaxado/a e menos zangado/a quando
a situação terminar.
No texto “Aprender a Relaxar”, também disponibilizado na secção Textos de Auto-Ajuda, poderás
obter mais informações acerca desta técnica.
Trabalho psicoterapêutico
Se as sugestões anteriormente apresentadas não te ajudarem a lidar com a raiva de um modo mais
eficaz ou se tiveres um problema de controlo sério, aconselhamos-te a procurares a ajuda de um
psicólogo (o GAPsi é uma opção viável nesse sentido).
A etapa mais importante é encontrar alguém que te ajude a sentir mais controlado/a. Falar com
alguém pode ajudar a prevenir que situações perigosas ou prejudiciais ocorram. A psicoterapia pode
também ajudar-te a sentires-te melhor contigo e a melhorares as suas competências comunicativas e
de relacionamento com os outros.
The Student Counseling Virtual Pamphlet Collection, http://counseling.uchicago.edu/vpc/ e
www.apa.org/topics/controlanger.htlm
traduzidos e adaptados por Ana Martins, Psicóloga Estagiária do GAPsi – Gabinete de Apoio Psicopedagógico
2009
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