em Psicologia Positiva, por Miguel Lucas
Há um ditado que diz: “A única coisa constante na vida é a mudança.” A maioria das pessoas acredita que isto é verdade. À medida que avançamos com a nossa vida, as pessoas que conhecemos, as coisas que vemos, e as emoções que sentimos nunca permanecem as mesmas. Impreterivelmente, as pessoas que conhecemos hoje, não serão o mesmo amanhã por causa do simples facto de que elas cresceram e ficaram um dia mais velhas, as coisas que conquistámos, que adquirimos ou que ajudámos a construir podem ser retiradas apenas num piscar de olhos. Até mesmo as nossas emoções são muitas das vezes imprevisíveis. Aquilo que sentimos exatamente de uma determinada forma hoje, muito provavelmente não poderá ser sentida da mesma forma novamente. Neste mundo confuso, nada é permanente a não ser a própria mudança.
Citação: “Tudo o que alguém fez para você no passado não tem poder sobre o presente. Só você lhe pode dar esse poder. “- Oprah
NÃO SE PARALISE PELO PASSADO
Tudo na vida vai e vem, mas há uma coisa que não se altera: o passado. Pelo menos de forma concreta e factual. Como está definido no dicionário, é algo que está acabado, completo, e já não está mais na existência. Algo como palavras pronunciadas, oportunidades que foram ignoradas e eventos que há muito tempo que aconteceram. Este é aquele tipo de coisas que não podemos ter de volta ou voltar atrás, são coisas que nunca poderemos ter novamente e da mesma forma. Nós nunca poderemos voltar atrás, voltar a estar no mesmo lugar, ao mesmo tempo, não podemos voltar atrás no tempo para apagar as coisas que fomos fazendo, ou proteger-nos do sofrimento que sentimos no passado. Nós já sabemos que desejar que pudéssemos mudar o passado é algo inútil, mas como seres humanos que somos, muitos de nós continuaremos a lamentarmo-nos e a ter a esperança de voltarmos a ter a chance de fazer tudo novamente. Mas porquê?
Há momentos na nossa vida em que nós simplesmente não conseguimos deixar as coisas ir. No que diz respeito por exemplo aos assuntos do coração, todas as pessoas que viveram a separação ou perda no amor certamente sentiram dor e mágoa. Por circunstâncias desconhecidas, as promessas e as esperanças que tinham não se tornaram realidade, as coisas caíram num vazio, seguindo-se um tormento e desilusão. Quando estas coisas acontecem, as pessoas quase sempre optam por viver na miséria e solidão. Inicialmente, este é apenas um mecanismo de enfrentamento que temos como seres humanos para diminuir a dor, mas ao permitirmos que a tristeza e desilusão nos engula o prazer da vida, somos obrigados a tê-las connosco durante muito tempo e em alguns casos para o resto das suas vidas, podendo desenvolver alguns problemas psicológicos, como: fobia social, ataques de pânico, insónias, ansiedade, depressão. É tempo de percebermos que aprender com o passado e viver com ele ou dependente dele, são duas coisas diferentes.
VOCÊ NÃO É AS SUAS EMOÇÕES
É provável que você tenha sofrido e continue a sofrer com algo relacionado com o passado, talvez isso tenha feito com que você tenha deixado de ser feliz, para sentir-se infeliz e triste. Veja, que não referi que você passou a ser infeliz ou triste, e sabe porque não usei essas expressões de “Ser”? Porque, acredito que estar a sentir-se infeliz ou triste, não é a mesma coisa de ser infeliz ou triste. Quando você se refere a si mesmo como sendo uma pessoa infeliz, está a personalizar esse estado, e considera que esse estado é permanente, mas digo-lhe que não é, isso é uma ilusão. E sabe porque razão não é infeliz? Porque nem você nem ninguém, está permanentemente 24/24 horas nesse estado de ser (infeliz). As suas emoções não são reacções fixas às circunstâncias externas, elas emergem dos seus pensamentos, das suas crenças e das suas avaliações.
Pondere ler: Aprenda a gerir as emoções e a ter controlo na sua vida.
Pergunto-lhe, quando não está a ser infeliz, em que estado é que está? Provavelmente noutro. Vamos supor que está num estado de alegria temporária, isto quer dizer que nesse momento não é infeliz ou triste. Então o que é? Será que é contente? Nem uma coisa nem outra, nós vamos sendo várias coisas a todo o momento. Temos a capacidade de sentir um espectro alargado de emoções e sentimentos. Quer dizer, que quando nos identificamos e nos fundimos com o nosso sentimento e qualificamos isso como algumas coisas que nós somos: “Sou triste, sou infeliz”, é uma ilusão. Claro que muitas vezes referimo-nos a nós mesmos nesses termos, no entanto, trata-se apenas de uma forma de expressão facilitadora. Esta forma de expressão facilitadora, pode tornar-se prejudicial quando nos fundimos a ela, nos identificamos com ela e personalizamos uma forma negativa, incapacitante e destruidora de Ser(mos). Se as nossas emoções não são reacções fixas, também o nosso estado de “Ser” não é fixo. E isto é extraordinário, é libertador!
Pondere ler: Porque é que não consigo ser feliz?
Você, eu, e todos nós somos aquele que “É”. Isto quer dizer que somos várias coisas. Evite fundir-se ao seu passado ou ao seus sentimentos, o passado é algo que ficou para trás, é imutável, já nada pode fazer sobre o que aconteceu. No entanto no que se refere aos sentimentos que são accionados pelos pensamentos que tem, ou interpretações que faz acerca do que lhe aconteceu ou viveu no passado, isso você pode, e se quiser consegue mudar.
Como já referi: O seu passado e aquilo que sente acerca dele, são duas coisas distintas.
Alerto para um facto muito importante, tenha atenção a um factor duplamente prejudicial relativamente a algo que lhe aconteceu no passado e lhe possa estar a prejudicar ou a condicionar o presente: Chamo-lhe Dupla Fusão. O que é então a Dupla Fusão? Isto acontece quando você se funde aos acontecimentos do passado (normalmente os traumáticos e angustiantes) e se funde aos sentimentos oriundos desses traumas e/ou angustias. Cria-se uma força altamente incapacitante, pois você fica “preso” no tempo, fica “preso” e cristalizado nos sentimentos que gerou naquela altura e que transporta agora, julgando “Ser” aquilo que sente e lhe aconteceu. Puro engano. Na verdade, tudo isso, não passa de um erro de raciocínio. O mais encorajador é que você pode sair dessa situação, é possível descomprometer-se com a sua Dupla Fusão e desapegar-se dela. Você tem de fazer uma Desfusão emocional/situacional.
Invista no conhecimento das suas emoções, são de extrema importância, conhecê-las e saber lidar com elas torna-se numa vantagem para a vida de cada um de nós. Aumente o seu sucesso entendendo as suas emoções.
USE O PASSADO A SEU FAVOR
Há apenas duas escolhas que você tem por onde se decidir: ou você aprende com o que lhe sucedeu, ou vive com isso para o resto da sua vida. Para aprender com o passado é necessário muita força de vontade e coragem, pois terá que aceitar o facto de que algumas das coisas que fez não correram bem, ou que sofreu alguma injustiça, ou que algum acontecimento não lhe deveria ter surgido, ou que em alguma altura da sua vida foi por caminhos inadequados e que eventualmente cometeu alguns erros. Esta constatação gira em torno da ideia de que a vida não é uma estrada lisa por onde podemos viajar sempre calmamente, ela tem sempre voltas e reviravoltas que podem enganar-nos e confundir-nos. Por outro lado, viver com o passado é mais simples (supostamente).Você só tem que manter as memórias dolorosas e punir-se sempre que fechar e abrir os olhos. Não há muito a fazer (provavelmente você poderá pensar isso), a não ser reavivar a dor todos os dias e recusar-se a aprender a lição que vem com o infortúnio. Acredito que se disputar este tipo de raciocínio, certamente concordará que não é adequado nem construtivo.
Abordo de forma mais profunda este assunto no artigo: A felicidade é possível mas é opcional.
Você pode optar por tomar o caminho da vitimização (ainda que com legitimidade), por vezes dura o suficiente para desistir e render-se à tristeza e mágoa? Ou será que você pode aceitar a realidade dos factos, encarar o sentimento de tristeza, injustiça e fazer algo para mudar isso? Relembre-se que pode mudar aquilo que sente (seja: tristeza, ansiedade, fúria, desesperança, sintomas da depressão, entre outros). E pode mudar aquilo que sente, porque está capacitado para sentir várias coisas! Ainda que seja difícil, opte por aquilo que quer. Se optar por mudar aquilo que sente para aquilo que quer sentir, certamente será possível. Claro que tem de fazer coisas para que isso aconteça. Tem de fazer coisas para alcançar a felicidade.
Pondere ler: Combater a sensação de incapacidade e desesperança.
É VOCÊ QUE FAZ AS SUAS ESCOLHAS
Só você pode fazer a melhor escolha para si mesmo. Ninguém pode ditar o que você deve fazer em relação ao seu passado, só você pode aprender/ensinar-se a viver hoje com ou sem ele. Coisas do passado só podem afetar o seu presente, se você deixar que isso aconteça, ele pode assombrá-lo a qualquer hora do dia, pode estar com você onde quer que vá, e nunca pode ser apagado. Pode, mas não pode, se você não permitir que ele possa.
Não é uma tarefa fácil de superar o passado e viver o presente, mas vai valer a pena no final. Nada é mais difícil do que deixar de ir (desapegar-se) do que se lamenta, nada é mais doloroso do que aceitar a realidade que você foi magoado sem sequer ter um aviso, e nada é mais difícil do que aceitar que você é capaz de fazer os seus próprios erros na vida. Mas só se conseguir desapegar-se (desfusão), aceitar e compreender que essas coisas acontecem, você conseguirá definir-se quem é, e quem quer ser, e assim permitir-se deixar para trás o passado onde ele pertence, e viver o presente. Então, pergunte a si mesmo: “Eu prefiro viver no passado ou viver o presente?
SEIS PASSOS PARA TREINAR “VIVER NO MOMENTO PRESENTE”
Na atualidade, as pessoas muitas vezes vivem a experiência da sua vida repleta de responsabilidades, planos e preocupações. É provável que você passe muito do seu tempo pensando sobre o que lhe aconteceu no passado, ou o que pretende ou “deve” realizar no futuro, que provavelmente esquece-se de experienciar plenamente o momento em que você está agora. No entanto, experienciar plenamente cada momento é essencial para reduzir a depressão e manter a felicidade. Desta forma, é possível trabalhar no sentido de promover a capacidade de viver no momento presente.
Em seguida apresento seis passos que o podem ajudar a viver no momento presente:
PASSO 1: ELIMINAR O AUTO-FOCO
Quando você se concentra naquilo que o preocupa ou naquilo que acha que não consegue fazer, você cria um ambiente interno de ansiedade. O Auto-foco drena a sua energia e o seu entusiasmo, se você está esperando por uma mesa para jantar ou pretende fazer uma apresentação em palco. Imagine-se a executar uma tarefa com eficácia antes de realmente fazê-lo, esta simples técnica permite eliminar o foco de si mesmo. Quanto mais vezes você repetir um cenário de sucesso na sua mente, menos ansioso você vai estar quando realizar a sua tarefa. O mesmo pode ser feito para algo que lhe sucedeu no passado e lhe limita agora o presente. Foque-se na estratégia que o pode levar a ultrapassar a dificuldade em que se encontra. Foque-se no processo, momento a momento. Veja-se a encontrar soluções e pratique isso no terreno. Certamente conseguiu deslocar o foco de atenção de si para algo capacitador e construtivo, o objetivo foi cumprido.
PASSO 2: SABOREIE PEQUENOS MOMENTOS DE PRAZER E SATISFAÇÃO
A felicidade vem não apenas de grandes eventos, mas também de pequenos prazeres quotidianos. Dedique tempo para prestar atenção a esses pequenos prazeres como o gosto de uma boa chávena de café ou a sensação de relaxamento de um banho quente. Foque-se nas coisas belas que você pode experimentar neste momento. à medida que você for saboreando pequenos prazeres, você vai começar a experimentar mais satisfação e alegria na vida .
PASSO 3: USE A RESPIRAÇÃO
Concentre-se na sua respiração. Esta é uma estratégia essencial para viver o momento. A respiração profunda pode ajudar a reduzir a sua ansiedade e preocupação. Use esta distração momentânea para evitar uma discussão acalorada, relaxar os músculos tensos ou prevenir um ataque de pânico.
PASSO 4: PERDER A NOÇÃO DO TEMPO
Tire o máximo proveito do seu tempo, perdendo a noção do mesmo. Participe em atividades envolventes e desafiadoras, nas quais você pode tornar-se completamente absorvido. Tente actividades como a construção de modelos, golfe, pintura, escultura e jardinagem (ou qualquer outra coisa que goste e o absorva completamente). Quando você se torna absorvido numa atividade e perde a percepção do tempo, consegue certamente experienciar satisfação e alegria na vida .
PASSO 5: ACEITAR A REALIDADE DAS COISAS MENOS BOAS
No artigo: A felicidade é possível mas opcional, abordei a ideia acerca da tendência que existe em grande parte de nós para a hipersensibilidade ao desconforto e à negatividade, ou aos sentimentos negativos e consequente evitamento. As consequências podem ser extremas por evitar este tipo de emoções negativas, como stress, ansiedade, depressão, desapontamento e solidão. O evitamento só amplifica a negatividade. Encare as suas emoções negativas e aceite-as como uma parte da sua vida. Isso pode ajudar a reduzir a quantidade de energia que você investe na negatividade, deixando mais energia para desfrutar o momento presente.
A prática da Atenção Plena (Mindfulness), é uma ótima abordagem para treinar a aceitação. Mindfulness: é a capacidade de colocar a atenção no momento presente sem julgar (desapego). Este tipo de atenção permite desenvolver uma maior consciência, claridade e aceitação da realidade do momento presente.
PASSO 6: ABRACE A MUDANÇA
A rotina, prepara o terreno para a desatenção, para a vida em automático. Esta é a experiência de estar tão perdido na rotina dos seus pensamentos que não vislumbra o momento presente. Mesmo pequenas alterações na sua rotina diária, podem ajudá-lo a sair dos seus processamentos automáticos. A rotina é uma forma de viver o passado no momento presente. Se faz sempre aquilo que fez, esta é uma forma de viver praticamente sempre as mesmas coisas da mesma forma. Esta é uma outra forma de ficar “agarrado” ao seu passado. De viver as mesmas coisas dia após dia. Observe e experimente a mudança na sua rotina, a mudança pode envolver simplesmente uma nova rota de trajeto, uma programação diferente do seu dia, ou encomendar algo diferente do “costume” para o almoço.
E VOCÊ, QUE ESTRATÉGIAS USA PARA VIVER NO PRESENTE?
Todos nós num momento ou noutro nos sentimos paralisados com algo que nos aconteceu no passado. Quais são para si esses momentos? Que estratégias usa para conseguir viver no momento presente? Deixe os seus comentários!
Abraço
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/viva-no-presente-nao-se-paralise-pelo-passado/
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