A vida não é uma linha reta em direção a tudo quanto desejamos e nos faz sentir bem. Por vezes, é como uma estrada bem sinuosa, cheia de buracos, obstáculos e imponderáveis. Inevitavelmente as dificuldades que enfrentamos ao longo da vida causam-nos dissabores, e com isso dor emocional. No extremo mais adverso, ficamos deprimidos, desesperançados e ressentidos, retirando-nos paz de espírito. Quando surgem situações difíceis na nossa vida que geram perda de algo ou de alguém, compreender e aceitar a inevitabilidade da situação é um passo importante a ser dado para surfar equilibradamente o turbilhão de problemas associados ao acontecimento negativo. Por vezes, ser humano é uma tarefa árdua que nos coloca à prova. A exigência emocional de alguns acontecimentos traumáticos e angustiantes desafiam a nossa capacidade de adaptação e aceitação.
A aceitação não tem a ver com baixar os braços perante os acontecimentos, ou passivamente continuar a levar a vida em frente como se nada de terrível tivesse acontecido. Nada disso. A aceitação deve ser compreendida como o encarar a realidade dos fatos, tal como eles acontecem e são impostos pela condição da vida humana. É igualmente importante ganhar a noção que desejar uma vida completamente estável, sem mudanças e imponderáveis, sem desafios e experiências significativas, é a antítese da própria vida. Este tipo de perspetiva mina os esforços para obtenção de equilíbrio emocional. E, o equilíbrio emocional advém de saber experienciar o impacto das emoções de forma assertiva com a realidade do momento.
Dica: Para enfrentar as tempestades da vida importa aceitar as lições que retiramos da própria vida. Através deste processo, podemos aprender a estar em paz com as ondas emocionais inevitáveis causadas pelo fato de estarmos vivos.
A vida é de extremos, por vezes é bipolar, e movida por opostos, por experiências antagónicas, permitindo-nos experimentar as delícias do amor e as amarguras do desgosto. Estamos fisiologicamente equipados para suportar as lutas e as dificuldades. Estamos igualmente emocionalmente equipados para desfrutar do amor e do sucesso. Estamos aqui para vivermos picos de alegria, e depois, por vezes, vivermos a experiência de dor. Nós estamos aqui para sentir o que é ser-se humano. Aprofundei este assunto no artigo: 007 Permissão para ser humano.
SER HUMANO ENVOLVE TANTO DOR COMO ALEGRIA E AMOR
Como poderíamos saber o que é o frio se não experimentássemos o calor? Como poderíamos valorizar a alegria se não soubéssemos o que é a tristeza? O caminho que dista entre os opostos é o terreno fértil da nossa aprendizagem, e como tal, não há como fugir-lhe. Em determinado momento das nossas vidas os opostos irão fazer-se sentir e farão sentido. Não acredito que de forma saudável consigamos deixar de nos preocupar até determinado ponto, ou que consigamos não ficar abalados pelos momentos de adversidade nas nossas vidas. O abalo, a deceção, a tristeza, a angústia são tudo formas de dor emocional , e sentir isso representa a nossa condição humana. No entanto, o que pode abrandar, diminuir e apaziguar a dor emocional, o sofrimento e a angústia, é saber que isso é uma condição da vida, e como tal, saber aceitar permite enfrentar a natureza dos acontecimentos difíceis com paz de espírito. Com a noção de que se está a viver algo que faz parte da própria vida, e que todas as forças e recursos serão melhor aplicados na minimização dos danos causados, ou se possível no crescimento pós-traumático.
Dica: É importante lembrar-se de aceitar o fato de que o ser humano sente tanto a dor como a alegria e o amor.
Aceitar os abalos e a dor, nada tem a ver com gostar, mas sim com a ideia de encarar de frente a realidade dos acontecimentos, para que possa ficar numa posição mais capacitadora na procura de soluções. Abra a sua mente. Aceitar e focar-se na sua dor é igualmente sinónimo de olhar as suas dificuldades atuais por uma perspetiva positiva. Permita-se aceitar a sua situação atual. Investigue as suas dificuldades, e esforce-se para buscar o seu propósito de vida. Olhe profundamente para os acontecimentos negativos recorrentes na sua vida e de que forma emerge a sua frustração, qual a sua raiz e quanto contribui na ampliação do seu fardo. Até que a aceitação aconteça, a recorrência do sofrimento desmedido vai continuar.
Leia: Sofrimento, será que você se transformou numa pessoa sofredora?
Assim que você entenda que é importante abandonar o sofrimento quando este é prejudicial, uma transformação positiva toma lugar. Você vai perceber que apesar dos acontecimentos de impacto negativo continuarem a fazer disparar sentimentos negativos, estes não têm necessariamente de ser emocionalmente catastróficos. Você assume um determinado controle sobre a reação aos acontecimentos de natureza dolorosa. Você é a pessoa que decide o que sente relativamente ao que lhe acontece. E, se assim for, a sua dor emocional estará sempre enquadrada com o respetivo significado que o acontecimento tem para você. É você que decide sentir o sofrimento emocional, quando percebe que se justifica e que está ligado a um determinado significado atribuído. É um sofrimento consciente, justificado e em paz de espírito. Para aprofundar o assunto, leia: A verdadeira força está em compreender e aceitar a dor emocional.
Para refletir: Partindo da ideia descrita anteriormente, quando a pessoa aprende a surfar os abalos da vida, quando os sente, quando os enquadra e aceita, o fardo torna-se mais suportável e o coração é invadido por um forte sentimento de paz interior.
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/aceitacao-ao-inves-da-resistencia-encontre-paz-interior-surfando-os-abalos-da-vida/
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