A azáfama do dia a dia, as exigências do trabalho, as atividades sociais, as expectativas de vida, os desafios a que nos propomos, as perdas, fracassos, são tudo estímulos que nos colocam à prova, testam os nossos limites, e por vezes, provocam-nos vários desequilíbrios psicológicos que nos dificultam a vida. Importa que tenhamos presente um conjunto de conceitos e práticas que possam ajudar-nos a restabelecer o equilíbrio ou a evitar sofrimentos desnecessários. A vida é dinâmica e a mudança é uma certeza absoluta nas nossas vidas. Arranjarmos formas de nos adaptarmos saudavelmente às novas realidades que vão emergindo, torna-se primordial.
Em seguida, apresento 7 formas que podem ajudá-lo a desenvolver essa capacidade de adaptação e promoção do equilíbrio geral de vida:
Seja curioso e abra a sua mente à mudança
Quando somos crianças, quando nos encontramos num estado de desenvolvimento a curiosidade é enorme. A curiosidade é na verdade o motor da aprendizagem, da interação e da conquista de novas experiências. Com o avançar dos anos, muitos de nós vamos perdendo este impulso que fez de nós aquilo que somos. Uma das atitudes essenciais para o continuo progresso e desenvolvimento é o envolvimento com algo como se fosse a primeira vez. Esta ideia do envolvimento através da curiosidade permite que a pessoa aprecie o momento presente, como se nas coisas mais banais que faz pudesse vislumbrar algo novo ou diferente. Por exemplo, quando você toma banho imagine como se fosse a primeira vez que sente a água o seu corpo, apreciando o cheiro do sabão, ou contemplando o vapor, veja como a experiência muda perante os seus olhos. A curiosidade e a novidade são os caminhos mais rápidos para a criação de novas conexões neuronais. E, quando criamos nova ligações no nosso cérebro, aprendemos algo de novo. Quebramos a rotina e emergem novas sensações, emoções e sentimentos, fazendo sentirmo-nos bem.
Mesmo uma refeição ou um lanche é uma excelente oportunidade para parar e refletir sobre a forma como esse simples pedaço de alimento contém imensas coisas maravilhosas, a terra, vento, chuva e sol. Muitas foram as pessoas que contribuíram para transformar os ingredientes em alimento, para que você possa usufruir de imensos prazeres naquele momento. Essa simples refeição torna-se uma fonte de gratidão e um momento em que pode reconhecer a interligação de todas as coisas existents no mundo. A curiosidade leva a que a pessoa conscientemente volte a ter contato com as maravilhas e possibilidades da vida.
Abraham Joshua Heschel, disse: “A vida é rotina e rotina é a resistência à surpresa.”
Perdoe a si mesmo e aos outros
A vida é pródiga em apresentar-nos obstáculos. Por vezes seguimos caminhos dos quais no momento presente não temos total consciência das suas consequências. Erramos, tomamos decisões das quais nos arrependemos, ficamos frustrados, decepcionamos, ou podemos prejudicar outros com os nossos atos. Ou, outra vezes, sofremos injustiças, somos prejudicados ou mal tratados pelos outros, ou pela sociedade. Envolto neste cenário, podemos ter tendência para ficarmos rancorosos, ressentidos e criarmos mágoas que nos retiram paz de espírito.
Se ganharmos consciência de que a grande maioria de nós somos condicionados pelo meio em que vivemos e obviamente pelas nossas experiências, ficamos numa posição mais favorável para retirar entendimento dos obstáculos que enfrentamos, não ficarmos presos neles e movimentarmo-nos livres de amarras vitimizantes que nos podem puxar ainda mais para baixo. Com este conceito em mente, faça uma análise dos seus ressentimentos e mágoas, face a você mesmo, e de si para os outros. Invista na superação do seu passado castrador e perdoe a si mesmo e aos outros. Livre dessa carga emocional negativa você fica pronto para voltar a apreciar a vida por aquilo que ela é. Uma vida cheia de possibilidades que sofre muita influência da forma como a encaramos e com dirigimos a nós mesmos.
Compreenda as suas emoções
Observe as suas emoções, tente perceber que são energia em movimento, que não são estáticas, que reagem aos acontecimentos de vida. As emoções são uma forma rudimentar de informação. Importa dedicar algum do nosso tempo a saber interpretá-las. Observe-as simplesmente, tentando não se envolver, ou seja, num primeiro instante não siga o impulso das mesmas. Siga o seu fluxo e perceba a influência que estão a ter no seu raciocínio. Em seguida, perceba se a influência das suas emoções estão a encaminhá-lo de acordo com os seus valores, significado de vida e objetivos. Faça isso para as emoções positivas e negativas. Na presença de emoções positivas ou negativas esforce-se para não perder a noção que tem de si mesmo.
Passe as suas emoções mais arrebatadoras pelo filtro da sua consciência. No intervalo entre um estímulo e a resposta, faça emergir a sua consciência, a sua sensatez e inteligência. verifique se os seus comportamentos e atitudes tendem a manter-se na linha dos seus objetivos. Ao efetuar este processo você promove um elevado nível de presença de espirito, ou seja, você consegue ter uma percepção mais alargada de si mesmo. Evitando que as suas emoções anulem parte de você mesmo, ou o reduzam apenas a um estado de alegria, tristeza, raiva, medo, euforia.
Pratique a compaixão
A compaixão pode ser definida como perceber o sofrimento (o seu e o dos outros) como uma tendência a querer ajudar de alguma forma. A prática deliberada de prestar atenção para nós mesmos com carinho, amizade e empatia, envia uma mensagem implícita para o nosso cérebro que estamos com uma atitude positiva perante as dificuldades. A compaixão é empatia em ação. É a vontade explicita em fazer algo em prol do outro ou de nós mesmos. É percebermos as circunstâncias e as razões que estão na base dos acontecimentos, e se estes não estão de acordo com o que queremos, fazemos algo que possa contribuir positivamente para a melhoria. Este ato de autocompaixão ou compaixão é o agente do bem-estar essencial e facilita a conexão conosco mesmo, como os outros e com o mundo em geral.
Faça as pazes com a imperfeição
Muitos de nós criticamo-nos duramente quando efetuamos algo que julgamos não ter ficado perfeito. É como se desenvolvêssemos uma hiperconsciência para as nossas imperfeições e tudo o que seja menos que perfeito causa-nos sofrimento e frustração. Julgamo-nos duramente, por vezes ao ponto de nos desvalorizarmos e com isso diminuirmos a autoestima. A perfeição é um conceito, é uma construção mental acerca de algo. Normalmente está associado a um pensamento de tudo ou nada, ou fazemos tudo na perfeição ou então não valemos nada. Associarmos o nosso valor enquanto pessoa à mera execução de algo é uma distorção do pensamento. O valor enquanto ser humano está para lá de fazermos tudo na perfeição (se é que isso existe).
Se você sofre com o problema do perfeccionismo exacerbado, leia o artigo, Perfeccionismo: a importância de saber priorizar
Abrace a incerteza e a vulnerabilidade
Vivemos num mundo cheio de incertezas e de vulnerabilidades. É um sentimento paradoxal, o que procuramos para nós é termos certeza das coisas e sentirmo-nos seguros do nosso caminho, mas o que observamos no mundo é na grande maioria das vezes o oposto. Este paradoxo pode deixar-nos à beira de um “ataque de nervos”, pode deixar-nos em maus lençóis quando queremos obstinadamente ter o controle de tudo ao nosso redor. Podemos facilmente concordar que existem muitas coisas na vida de cada um e nós que fogem ao nosso controle. Então como lidar com este paradoxo de forma saudável? É preciso acreditar que temos em nós mesmos recursos suficientes para procurarmos soluções para os nossos problemas. E acima de tudo, que a incerteza e a vulnerabilidade são uma condição da vida. Em algum grau e em alguns momentos irão manifestar-se e, temos de ser flexíveis o suficiente para perceber que temos de seguir em frente e confiar em nós mesmos, porque somos capazes de reconstruir o caminho que pretendemos.
Se não pode mudar algo, pode mudar a sua atitude
Os acontecimentos passados, principalmente os dolorosos ou catastróficos deixam marcas. Por vezes “chapinhamos” na lamentação de porque as coisas tiveram de acontecer de determinada forma. Ficamos obsessivos face à impossibilidade de mudar algo que nos prejudica ou prejudicou. Não podendo ter controle sobre os acontecimentos que nos transcendem ou não dependem de nós, podemos sempre ter controle sobre a nossa atitude face aos mesmos. Podemos perceber uma forma de nos adaptarmos saudavelmente às circunstâncias. O que pode ser alvo de intervenção e/ou de ação é a atitude que se tem face ao evento. Podemos reavaliá-lo, reinterpretá-lo e atribuir-lhe outro significado. Um significado que nos sirva e permita continuar com a nossa vida de forma adequada e positiva.
http://www.escolapsicologia.com/7-formas-de-tornar-a-sua-vida-mais-prazerosa/
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