Sentir ansiedade é uma resposta
adaptativa do nosso organismo. É comum a todos nós sentirmos ansiedade, e
isso não tem necessariamente de ser negativo ou catastrófico. Se
levarmos em consideração que a ansiedade é um conjunto de sintomas que
se fazem sentir no corpo em resposta a um estímulo externo (ambiente ao
nosso redor) ou interno (pensamentos e imagens), cada pessoa sentirá uma
determinada sensação de acordo com a interpretação que fizer acerca do
que a rodeia ou daquilo que lhe passa na mente. O sentimento de
ansiedade, pode manifestar-se através de alterações físicas no corpo ou
através de pensamentos antecipatórios de algo que se teme. E quando o
nosso organismo fica demasiado excitado em reação a determinados
acontecimentos, a ansiedade torna-se dolorosa.
Porque é a ansiedade, na grande maioria
das vezes a nossa reação padrão a situações difíceis, desconhecidas ou
com um determinado grau de incerteza? É porque a ansiedade é uma reposta
automática que nos ajuda a sobreviver. Não podemos livrar-se dela e não
iríamos querer que isso acontecesse. Não podemos não sentir ansiedade. O
que podemos é aprender a acalmar-nos quando não há necessidade de uma
resposta ansiosa, em psicologia conhecida como uma resposta de “luta ou
fuga”.
Mas então o que pode ser feito?
Você pode decidir-se a usar a parte
executiva do seu cérebro para substituir a sua resposta automática de
ansiedade. Em outras palavras, colocar “o pensador” no comando. Este
“pensador” é também conhecido como o córtex pré-frontal, a parte de você
que é “o decisor.” Você deverá tomar consciência que existe um conjunto
de estratégias, técnicas e processos que pode utilizar no momento em
que sente a sua ansiedade a disparar para níveis despropositados.
Apresento 9 dicas, junto com medidas para a ação, que você
conscientemente pode optar por fazer. Experimente aquilo que julga poder
funcionar para você:1. Encare a sua ansiedade como normal
Todos estamos preparados para sentir
ansiedade. Sentir os sintomas da ansiedade não é um problema, o problema
advém da interpretação que se faz acerca do incómodo das sensações
sentidas no corpo e daquilo que se receia poder vir a acontecer. Assim,
se você perceber que não está em perigo ou que aquilo que está sentido é
uma reação natural do seu corpo, fica numa situação em que pode acionar
algumas estratégias para diminuir o incómodo sentido. Pode ser útil
entender que o excesso de preocupação, é um resultado da sua química cerebral automática e não uma fraqueza pessoal.
Medida de ação: Diga a si mesmo: “Não há nada de errado comigo. Isso é apenas o meu corpo a reagir ao stress, angústia, medo, incerteza.”
2. Faça “respiração abdominal” uma parte do seu dia
Aprenda a fazer respiração abdominal. A
respiração diafragmática profunda envia um sinal relaxante para a mente,
acalmando o corpo e a mente. Você precisa diminuir os seus níveis de
ansiedade através de uma técnica “mecânica” para que consiga colocar-se
num estado mais tranquilo e a partir daí conseguir agir em consciência e
de acordo com aquilo que sabe, para retomar o controlo da situação. A
decisão de fazer algumas respirações calmantes “é o melhor exemplo de
utilização do cérebro para controlar o corpo”. Além disso, você pode
integrar este tipo de respiração no seu dia, ao invés de ter de
programar um momento especial para praticá-la, como acontece com a
meditação. Há sempre tempo para uma respiração profunda antes de uma
reunião, nos semáforos, nas pausas do trabalho, ou quando você toma
consciência que entrou num ciclo incessante de preocupação
desnecessária.
Medida de ação: Quando você começa a sentir-se ansioso, use esse sentimento como uma sugestão para fazer pelo menos uma respiração abdominal profunda. Essa respiração vai iniciar a resposta de relaxamento. Não sabe o que é a respiração abdominal?
Deixo um pequeno exemplo:
- Foque a sua atenção no modo como respira. Se conhecer o modo como respira habitualmente, poderá usar a respiração para se relaxar em momentos que se sinta ansioso.
- Concentre-se nas partes do seu corpo (tórax) que usa para respirar. Sinta como os diferentes músculos se movem durante a inspiração e a expiração, sinta isso.
- Esteja tento a todas as sensações que sente quando respira. Memorize essas sensações, para poder reproduzi-las em situação em que se sente ansioso.
- Agora, coloque uma mão em cima do peito e outra sobre o seu estômago.
- Note os movimentos de expansão e de contração do peito, à medida que inspira e expira.
- Note os movimentos de expansão e de contração do estômago, à medida que inspira e expira. Foque-se nessas sensações durante 1 minuto.
- Em seguida sempre que verificar que está a respirar pelo tórax, mude para os músculos do estômago.
- Em seguida foque-se na expiração, liberte o ar por entre os lábios, para controlar a sua saída…verifique se são os músculos do abdómen e do diafragma que se contraem.
- Repita o processo demorando o dobro do tempo para expirar do que a inspirar o ar.
3. Decida exercitar-se
Algumas pessoas estão tão envolvidas nos
seus problemas ou nas suas atividades que consideram prioritárias que
não conseguem perceber a necessidade que têm para abrandar o seu ritmo,
relaxando. Para a pessoa com uma vida muito exigente, ou que atravessa
um período de extrema preocupação, a atividade física pode ser uma
excelente fonte de relaxamento, permitindo ainda que a pessoa quebre o
seu padrão de pensamento ansioso.
Vinte minutos de exercício físico pode contribuir para a diminuição da ansiedade,
aumentando-lhe ainda os níveis de energia. O exercício aeróbico irá
consumir os seus “produtos químicos do nervosismo”, como a adrenalina e o
cortisol, dois produtos químicos libertados quando estamos sob
estresse.Medida de ação: Dê uma caminhada de 20 minutos todos os dias.
4. Reformule o seu conceito de ansiedade
Na base da resposta ansiosa está uma emoção associada. Interpretar certas situações estressantes, como falar em público
como sendo “emocionante” em vez de “assustador” pode conduzir a um
melhor desempenho. Na verdade, dizer a si mesmo: “Eu estou calmo”, pode
ser muito menos eficaz do que dizer “Estou animado e motivado”, talvez
porque dar uma palestra requer uma certa quantidade de energia e
entusiasmo.
Apresento alguns exemplos de “reformulações”:
- “Não é um exame; é uma oportunidade de testar o meu conhecimento.”
- “Não é uma apresentação assustadora; é uma pequena conversa com alguns colegas ou pessoas interessadas em ouvir-me.”
- “Não é uma entrevista de emprego; é uma oportunidade para a minha vida.”
Medida de ação: Diga a si mesmo: “Eu estou animado!” Ou “Isto vai ser um desafio divertido."
5. Pratique a paragem de pensamento
Quando você se pega envolvido num pensamento que provoca ansiedade, diga a si mesmo: “Eu! Posso para com isto!” Stop. Considero
esta frase um gatilho (voz de comando) que permite interromper a
cascata de pensamento ansioso. É rápido, eficaz e bem-humorado.
Medida de ação: Cada vez que você começar a ruminar sobre uma situação, diga a si mesmo: “Stop, para com isso!” Com persistência e prática, abandonar o pensamento ansioso tornar-se-á um hábito.
6. Depois de parar os pensamentos ansiosos, decida substituí-los por pensamentos apaziguadores pré-planejados
A paragem de pensamento por si só é uma
técnica poderosa. Mas pode ser ainda mais poderosa quando combinada com
pensamentos apaziguadores que você preparou previamente para dizer a si
mesmo em situações de perda de controle.
Medida de ação: Faça uma pequena lista de pensamentos reconfortantes para utilizar quando você se pegar no meio da preocupação excessiva.
Possíveis exemplos:
- “Eu fiz o melhor que posso. Não preciso preocupar-me mais com isso.”
- “Eu não tenho que ser perfeito. Mesmo se algo der errado, eu posso aprender com os meus contratempos e tentar novamente.”
- “Eu já fiz isto antes; Eu posso fazer isto de novo.”
7. Faça listas das preocupações e planos de ação.
Consciencialize-se das suas preocupações
e escreva-as numa lista. Em seguida, perceba quais dessas preocupações
podem ser alvo dos seus pensamentos, e se no momento pode fazer algo
para contribuir para a sua solução. Se não for o caso, escreva quando
deve ocupar-se desse problema. Este exercício deixa-o livre para que
possa ocupar a sua mente com as prioridades do momento.
Da mesma forma, os planos podem libertar a sua mente da indefinição e
incerteza sem fim, que se materializa quando você começa a
questionar-se com pensamentos começados por: “e se”.Medida de ação: Faça uma lista das suas preocupações. Em seguida, defina prioridades e faça planos para a sua resolução. Se você começar a refletir ansiosamente sobre uma situação que já tenha planejado, diga a si mesmo: “Para! Eu já fiz um plano, já pensei sobre o assunto.”
8. Utilize os sentidos para afastar-se dos pensamentos ansiosos
Quando
você se pegar numa cascata ascendente de cenários dolorosas e
catastróficos na sua mente, respire fundo, e olhe ao seu redor. Observe
as árvores e o céu, oiça os sons ao seu redor. Lembre-se que você possuí
a capacidade de receber estímulos agradáveis a todo o momento através
dos cinco sentidos. É um bem precioso sempre à sua disposição.
Medida de ação: Sempre que tomar consciência que acionou um padrão negativo de pensamento, e sentir que ficou preso nele, relembre-se que pode sair disso por ação da sua vontade. Pratique o redirecionamento da atenção, saboreando as cenas positivas no ambiente ao seu redor.
9. Consulte um profissional
Quando a ansiedade é esmagadora,
crónica, ou interfere com a vida diária, considere o tratamento
profissional. Se você identifica alguns sintomas da ansiedade e percebe
que isso está arruinando a sua vida, é hora de tratar a sua ansiedade.
Medida de ação: Faça uma consulta com um psicólogo.
O que todos estas “pequenas” decisões
têm em comum? Elas exigem que você esteja atento. Em vez de apenas
sentir-se vítima da sua ansiedade e transformar isso em dor emocional e
preocupação desmedida, você pode deliberadamente transformar uma mente
cheia de “e se” para uma mente cheia de consciência e resolução
criativa, contribuindo ativamente para a solução dos seus problemas e
conquistar a paz de espírito.
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/9-estrategias-para-acalmar-a-ansiedade/
1 comentário:
Excelente artigo.
Simples e objetivo.
Muito útil.
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