quinta-feira, junho 05, 2008

XAMANISMO DEFINIDO

XAMANISMO DEFINIDO


Nos primórdios da humanidade, os seres humanos, sentiam-se frágeis perante as forças da natureza e temiam aqueles que não pertenciam aos seus clãs, animais, etc. Para suprir essas carências, surge o xamã como um "organizador do caos" para despertar a consciência.Assim eles recorriam àquele que era concebido como um guerreiro que atuava com armas espirituais, que faziam a ponte entre o mundo dos homens e espíritos.


A palavra xamã tem sua raiz na Sibéria, vinda da palavra “saman”, aparentado com o termo sânscrito “sramana” que significa “inspirado pelos espíritos” O xamã pode ser homem ou mulher. O termo xamã foi adotado, pela antropologia, para se referir a pessoas de uma grande variedade de culturas não ocidentais, que antes eram conhecidas como : bruxo, feiticeiro, curandeiro, mago, mágico, vidente, sacerdote, pajé, homem da medicina, o terapeuta, o conselheiro, o contador de estórias, o líder espiritual, etc, e referindo-se ao xamanismo como um conjunto de crenças ancestrais que estabelecem contato com uma realidade oculta, ou estados especiais (alterados) de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio saúde para si mesmo e para as pessoas

Quando a maioria das pessoas, actualmente, ouve a palavra xamanismo, pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelanças se estão no Brasil, mas sempre considerado como “programa de índio”. O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena, e óbvio que foram os indígenas os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da “Medicina da Terra” mas as práticas se originaram no “homem primitivo”, no paleolítico. A palavra tem origem siberiana e não americana e é usada hoje, como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.

As raízes do xamanismo são arcaicas, e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana.As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Na África, entre os povos aborígines da Austrália, entre os Esquimós, na Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões. O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações, seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering, ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.

Tanto no Mexico, USA, Austrália, Africa, America do Sul, Sibéria, etc, é interessante notar similaridade em alguns rituais e na cosmologia de todos esses povos xamânicos no mundo. Faz pensarmos que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.
A palavra xamanismo foi criada por antropólogos para definir um conjunto de crenças ancestrais, que para mim, é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.
Mas, na essência são práticas religiosas. O xamanismo é um fenômeno religioso que se supõe ter sua origem na Ásia Central e Setentrional e das regiões árticas norte-européias Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; na Oceania, na Austrália, no sudeste asiático; e enfim, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se, aqui, de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico.


A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais, passados pelos ancestrais, que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O guichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta "matar” simbolicamente seu iniciador, ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.
Quando percebemos a conexão Universal entre nós, todos os que viveram, que estamos todos ligados, conectados, compreendemos que todas as histórias fazem parte da nossa história. A consciência da conexão é vital ao aprendizado da convivência mútua. Ninguém vence sozinho. Todos temos a necessidade de nos conectar com algo fora de nós - com nossos companheiros de caminhada e com algo maior que nós todos. No xamanismo, procuramos aprender com as vozes dos ancestrais, dos velhos, das tradições, das crenças. Esse aprendizado é básico para podermos traçar o mapa de nosso caminho, de acordo com o livre arbítrio.


O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura e ensina o que é necessário para o bem comum da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo, sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.
O xamanismo aparece como um reflexo de um “Grande Espírito”, que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos, etc., que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas, através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.
O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã,enfrentou suas sombras, que enfrentou e venceu seus medos : da insanidade, da solidão, do orgulho, da vaidade e dos vícios;da doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso escolhe torna-se curador curado, auxiliador, profeta, visionário, à serviço das pessoas.

No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :

A Busca por estados Alterados de Consciência – Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática
A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave, ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo

Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária, a fim de guiar espíritos, obter conhecimento espiritual.


Trabalho como canal de cura, o conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.


Devoção à Criação : O Sol, a Lua, as Estrelas, o reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo

Interação com espíritos da natureza

Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)


Conhecimento sobre o fogo

Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)

Canções de Poder

Danças

Respiratórios e dietas

Contação de histórias, preleições.

Atualmente o xamanismo pode ser dividido em duas escolas. O xamanismo tradicional: que segue as tradições nativas. O neo-xamanismo: que adapta a essência, com práticas terapêuticas, numa realidade urbana etc. Eu não consigo me classificar em nenhuma das duas linhas, prefiro dizer que xamanismo para mim é Universal.

Atualmente, muitos xamãs, inclusive no Peru, rezam para Cristo, e aceitam que Jesus foi um Xamã Iluminado. Podemos, numa abordagem mais abrangente dizer que a Doutrina Santo Daime é um xamanismo cristão, assim como a Native American Church nos EUA, a Umbanda , a União do Vegetal, a Barquinha, o Catimbó, os cerimoniais com cogumelos de Maria Sabina, e outros. Existem traços do xamanismo em todas as religiões: no Budismo Tibetano, no Judaísmo, no Tantrismo, no Cristianismo. Isso torna muito desafiante a tarefa de separar o que é e o que não é xamanismo, pois tudo está conectado!

O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeiras”, acessadas desde o princípio, na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos senti-las atuando em todos os momentos da cerimônia. Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão. As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual, assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante.

As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Muitos vivem, atualmente, com uma sensação de separação, de isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida.

Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", de que somos parte de "algo maior", de que somos filho da Terra, parte de uma Terra Viva.

Publicado em: 2007-07-18 por AnjosDaUmbanda,

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