Otimismo e Pessimismo.
:: Flávio Gikovate ::
Não deixa de ser curioso observar as diferentes reações do ser
humano frente a certos obstáculos. Ao adoecer, algumas pessoas só pensam na
recuperação; outras sentem que jamais voltarão a ter saúde. Diante de uma
situação de risco, os otimistas decidem enfrentá-la, pois acham que as chances
de sucesso são boas; os pessimistas recuam, antevendo a catástrofe. Para começar
um namoro, o otimista se aproxima de alguém que despertou seu interesse; o
pessimista evita o primeiro passo, imaginando uma rejeição inevitável. As
diferenças não param aí. Se de um lado, há alegria de viver, generosidade,
desprendimento, do outro há certa tendência ao egoísmo e à tristeza, às vezes
disfarçada de falsa euforia. O otimista está sempre cheio de planos e projetos,
é inovador, contagiando com sua esperança as pessoas que o cercam. O pessimista
é mais comedido nos gastos e nos gestos, costuma ser conservador, só se
interessa por coisas que já foram testadas e agradam à maioria.Quais serão os
fatores que impulsionam o ser humano na direção de um comportamento positivo ou
negativo em relação à vida? Vale a pena levantar algumas hipóteses. Antes de
mais nada, acredito que não se trate de um mero condicionamento ou hábito de
pensar. Quer dizer, não adianta acordar de manhã com a disposição de mudar e de
tomar atitudes positivas. Esse tipo de otimismo será falso, superficial e não
levará ao sucesso almejado.Tenho impressão de que há algo de inato em nosso
comportamento. Certas pessoas possuem forte impulso vital. Portadoras de uma
energia inesgotável, são movidas por um combustível que falta à maioria dos
mortais. Nelas, a alegria de viver é transbordante. Nada as deixa tristes e, em
certas situações, parecem levianas porque não dão muito peso a sofrimento algum.
Esse fenômeno inato provavelmente está ligado à bioquímica de nossas células
cerebrais.Outro fator que predispõe ao otimismo ou ao pessimismo é a avaliação
crítica de nosso passado. Por exemplo, se uma pessoa de 40 anos fizer uma
retrospectiva de sua vida e concluir que teve progressos indiscutíveis, haverá
bons motivos para o otimismo em relação ao futuro. Se, ao contrário, na hora de
somar e subtrair, o saldo for negativo, o pessimismo prevalecerá. Essa
auto-avaliação não abrange apenas conquistas de ordem material. O que mais
interessa é o sucesso como ser humano. Conseguir dominar os impulsos agressivos,
ter uma vida sentimental e sexual satisfatória, ser tolerante para com as
diferenças de opinião são condições que conduzem ao otimismo.Finalmente, há um
terceiro fator, sem dúvida o mais importante de todos, que orienta nossa
atitude. Esse fator é a coragem. Pessoas que não têm medo de ousar tendem ao
otimismo. Elas não temem o sofrimento e o fracasso. Sabem que o forte não é
aquele que sempre acerta, mas aquele que corre o risco de errar e sobrevive à
mais dura queda. Os seres humanos mais felizes suportam bem a dor e costumam ter
uma rotina mais criativa e alegre. Seu otimismo leva ao sucesso, pois consideram
eventuais derrotas um aprendizado que os tornará ainda mais fortes. O oposto
acontece com o pessimista. Ele fica paralisado, não por convicção, mas por medo.
Não tem medo porque é pessimista. É pessimista porque tem medo. E assim vai
passando pela vida, cada vez mais inseguro e acomodado e - o que é pior - cada
vez mais invejoso.
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1 comentário:
Lili,
estou colocando/retribuindo seu link no blog Psicologia Racional.
http://www.psicologiaracional.com.br/
Abraço,
Regis Mesquita
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