Um dos maiores presentes que podemos ter na vida, e digo isso literalmente, é saber que podemos mudar as nossas crenças. Este conhecimento é revolucionário, extraordinário e muito esperançador, saber que podemos realmente mudar as nossas crenças, principalmente aquelas que foram inúteis e permaneceram inalteráveis dentro de nós durante anos. Nós temos certas crenças dentro de nós, que nos incapacitam, que nos prejudicam e atrapalham o bom desenvolvimento da vida. Pretendo mostrar-lhe algumas maneiras de como pode desarmar, enfraquecer e substituir as crenças incapacitantes que lhe prejudicam a vida. Pretendo esclarecê-lo e elucidá-lo da forma como aquilo que falamos, pensamos e acreditamos, influência todo o nosso organismo e consequentemente o nosso desenvolvimento.
Dica: Desenvolvermo-nos e evoluirmos, é evoluir a nossa mente, e evoluir a mente é desenvolver e melhorar a forma de comunicação connosco mesmo.
As nossas crenças dão forma à nossa realidade, muito provavelmente a sua realidade é totalmente diferente da minha, é também diferente da do seu parceiro, colegas de trabalho, seus filhos, as pessoas ao seu redor. Você é único, e aquilo que faz de você uma pessoa diferente de tantas outras, são as crenças que tem acerca de si mesmo, dos outros e do mundo em geral. Pense nisso por um momento, pense que você “cria” o seu próprio mundo (formas de olhar as coisas, forma de agir e de pensar). Sim, nós compartilhamos um conjunto de construtos, mas efetivamente, você criou o mundo ao seu redor e criou a pessoa que você é hoje. Isto pode parecer-lhe demasiado radical e pragmático, mas se conseguir refletir sobre isso, se conseguir perceber que foi você que foi construindo a vida que tem agora, isso significa que pode alterá-la, pela simples razão que é o seu principal investidor.
Para refletir: Você é o principal accionista da sua própria vida.
O PODER DAS CRENÇAS
No transtorno dissociativo de identidade, originalmente denominado transtorno de múltiplas personalidades, popularmente conhecido como dupla personalidade, é uma condição mental onde um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, existem histórias de pacientes que literalmente mudaram a cor dos olhos, porque mudaram de uma personalidade para outra. Eles também desenvolveram sintomas físicos, tais como a diabetes, simplesmente porque mudam de uma personalidade para outra, tendo crenças totalmente diferentes de si mesmo. Talvez, esteja a pensar que este tipo de histórias se encaixam no estilo “fantástico”, provavelmente sim, mas não deixam de ser reveladoras da extraordinária capacidade que o corpo humano tem para se transformar por ação da crença.
O poder das crenças, é realmente avassalador. As crenças estão enraizadas na nossa mente e podem afetar a nossa forma de raciocinar, mas também podem afetar outras partes do nosso corpo, o que prova o extremo poder que elas possuem. É importante aprender o máximo sobre si mesmo, através das suas crenças, e se sentir que é necessário e útil, alterá-las ou implementar uma nova crença.
Na psicologia, tem sido usual estudar-se o efeito placebo. O que é o efeito placebo? O efeito placebo é quando se associa um determinado benefício a algo inócuo. Dois grupos de pacientes que recebem dois tipos de comprimidos diferentes, uma amostra do grupo recebe uma pílula de açúcar (sem qualquer efeito curativo), mas os pacientes são informados de que a “pílula” vai ajudar a melhorar a sua condição, dor, depressão, ansiedade, etc. Ao outro grupo são dados medicamentos verdadeiros (com efeito curativo) para tratar a doença ou o problema.
O que se descobriu uma e outra vez, desde 1955, quando foi cunhada a expressão “efeito placebo“, foi que 50% – 60% dos pacientes respondem positivamente aos comprimidos placebo. Significado que 50%-60% das pessoas melhoram positivamente a condição (doença ou problema) tomando um comprimido que não tem efeitos curativos. Esse é o poder da crença, é a capacidade que todos temos para produzir um efeito no nosso corpo, que julgamos poder acontecer. Se dentro dos limites do possível, for possível, a crença que temos nisso faz o resto. Não significa dizer que os seres humanos são estúpidos, significa apenas que estamos enganando a nós mesmos com o poder da mente, quer seja a nosso favor ou contra nós.
Então o que realmente é uma crença? No seu conceito mais básico, é algo que você tem e construiu na sua mente, é um conceito. É algo que você sabe, com toda a certeza, que algo é verdade, é um sentimento profundo dentro de si.
Dica: Uma crença é um sentimento de certeza, sentindo que algo é verdadeiro.
AS SUAS CRENÇAS POTENCIAM O SEU PENSAMENTO?
Nunca lhe aconteceu acordar e sentir-se ótimo, como se não tivesse de fazer nada para se sentir bem? Você sente-se com um estado de espírito positivo, bem sucedido, otimista, pensa em grande e que é capaz de ultrapassar qualquer obstáculo. Eu já me senti assim, é maravilhoso! Mas, outras vezes pode acontecer o oposto, sentimo-nos inseguros e julgamos não conseguir fazer nada, sentimo-nos exaustos e desistimos de ir à luta. Já me aconteceu sentir-me derrotado e a perder o controlo da construção dos meus pensamentos.
Todos temos muitas crenças, e aprender de onde vêm e que elas desempenham um papel importante na nossa vida é fundamental para começar a mudá-las. Elas são uma parte do que somos como pessoa. É difícil modificar aquilo a que temos estado ligados grande parte da nossa vida, mas temos de começar a produzir crenças mais capacitadoras e parar de defender as meias-verdades que nos impedem de ver um conjunto enorme de possibilidades e opções.
As crenças que levam à falta de confiança, medo e preocupação são o que em última análise, nos impede de experimentar o sucesso e conseguir o que se quer da vida.
Você sente-se preparado para mudar algumas crenças no sentido de impulsionar a sua vida?
Como é que as crenças se formam? Serão as suas crenças realmente suas?
Ninguém nasce com determinadas crenças. As crenças são adquiridas a partir de tenra idade e através da nossa experiência de vida. As coisas que lhe foram ditas e a forma como foram tratadas quando jovem, foram-se tornando na maneira que você pensa acerca de si mesmo, dos outros e do mundo, e tornaram-se nas suas crenças, quer o capacitem ou o derrotem.
A grande questão que importa você refletir e saber, é que as crenças pelas quais você orienta a sua vida não têm necessariamente de ser verdadeiras. Ou colocando este assunto numa perspectiva mais factual, as suas crenças não tem necessariamente de ser funcionais. Por outras palavras, podem prejudicá-lo, podem inibi-lo de progredir ou causar-lhe alguns problemas na sua vida. Só porque alguém nos disse que não pode ser alguém (bem sucedidos) ou fazer algo, não significa que temos de acreditar neles. Pare de orientar-se por crenças desanimadoras, incapacitantes, obtusas e demasiado rígidas! Eu sei que é difícil, mas não impossível.
Para facilitar o processo de identificação das sua crenças, questione-se:
■O que é que eu acredito em mim?
■Do que é que acho ser capaz?
■O que é que eu acredito sobre o mundo?
■O que é que eu acredito conseguir alcançar no futuro?
Depois de ter descoberto o que você acredita, é hora de decidir o que você deseja manter e o que você quer deitar fora. Que crenças eu quero mudar? O que eu quero começar a pensar sobre mim e sobre o meu futuro? Você pode decidir o que quer acreditar. Jogue fora as crenças auto-destrutivas para que possa construir uma auto-imagem bem sucedida e capacitadora de si mesmo. Seja um vencedor.
Para o ajudar a clarificar melhor a razão porque é importante fazer o exercício anterior, ou seja, desafiar as suas crenças (por vezes falsas crenças), vou ajudá-lo a responder à seguinte questão:
Porque estamos todos (eu incluído) aparentemente tão predispostos a acreditar em proposições falsas?
A resposta está no reconhecimento crescente da neuropsicologia que aborda a questão do quão irracional o nosso pensamento racional pode ser, de acordo com um artigo publicado na revista Mother Jones por Chris Mooney. Sabemos agora que os nossos juízos de valor intelectual, ou seja, o grau em que acreditamos ou desacreditarmos numa ideia, são fortemente influenciados pela tendência dos nossos cérebros para a “ligação“, aquilo a que eu chamo de “inclinação mental“. Os nossos cérebros são máquinas especializadas em fazer ligações (conjunto de redes neuronais), agregando não só pessoas e lugares, mas também as ideias. E não apenas de uma maneira friamente racional. O nosso cérebro torna-se intimamente ligado emocionalmente com as ideias que passamos a acreditar que são verdadeiras (no entanto, chegamos a essa conclusão), e é emocionalmente alérgico a ideias que acreditamos serem falsas. Esta dimensão emocional do nosso julgamento racional, explica uma gama de preconceitos mensuráveis que mostram o quão diferente dos computadores (raciocínio lógico) as nossas mentes são.
Dois factores que contribuem para a ligação emocional às nossas crenças:
■Confirmação de viés (desvio). O que nos leva a prestar mais atenção e atribuir maior credibilidade às ideias que sustentam as nossas crenças atuais. Ou seja, nós escolhemos a evidência que suporta uma disputa que já acreditamos e ignorarmos a evidência que está contra ela.
■Desconfirmação de viés (desvio). O que nos faz gastar uma energia tremenda tentando desconfirmar as ideias que contradizem as nossas crenças atuais.
A confirmação da crença não é o nosso único objetivo cognitivo. O outro objetivo é validar as nossas crenças pré-existentes, as crenças que temos vindo a construir, bloco por bloco num todo coeso durante toda a nossa vida. A confirmação de viés e a desconfirmação de viés, representam duas das mais poderosas armas à nossa disposição para solidificação das nossas crenças, mas, simultaneamente, comprometem a nossa capacidade de julgar os méritos das ideias e as provas a favor ou contra elas. É, na verdade um pau de dois bicos que temos de levar em consideração se quisermos colocar à prova a funcionalidade, adequação e verdade das nossas crenças.
MUDE AS SUAS CRENÇAS E IMPLEMENTE MUDANÇAS NA SUA VIDA
Nem sempre seguimos integralmente tudo aquilo que pensamos, no entanto aquilo em que acreditamos exerce uma grande influência sobre aquilo que pensamos e consequentemente nos nossos comportamentos e ações. De certa forma, as nossas crenças regulam o nosso comportamento e são responsáveis por grande parte das nossas decisões. Ou seja, na grande maioria das vezes nós fazemos aquilo em que acreditamos. Tudo o que pensa e seja suportado por aquilo que acredita tem uma probabilidade elevada de ser seguido por si mesmo. Se eu me sentir bem sobre algo, eu comporto-me de acordo com isso, e se eu me sinto mal com alguma coisa, e acredito que isso me prejudica, então eu vou-me afastar.
Isto é importante, porque aquilo que você pensar e acreditar vai influenciar grandemente o seu futuro. Por outras palavras, se você acha que nunca vai conseguir um novo emprego, começar a escrever um livro, ou ter um ótimo relacionamento, você não irá obter e/ou conseguir isso.
Citação: Se você acha que pode, ou que não pode fazer alguma coisa, você tem sempre razão. – Henry Ford
As suas crenças podem prendê-lo num ciclo de desamparo, incapacidade e desesperança, de tal forma que você nunca vê resultados positivos. Talvez você tenha implementando tantos pensamentos depreciativos na sua mente, que tenha criado um padrão auto-derrotista de encarar a vida. O nosso diálogo interno (auto-verbalizações) até um determinado grau pode determinar a nossa auto-imagem, auto-conceito, auto-estima e auto-confiança, formando uma construção que irá condicionar as crenças que temos. Se você conseguir mudar aquilo que pensa, o que diz e a ideia que tem acerca de si mesmo, ficará certamente mais capacitado para tomar as rédeas da sua vida e daquilo que quer conseguir fazer.
Em que medida estão as suas crenças a influenciar a sua vida?
Considere que:
■Você pensa em cascata tripartida: as palavras ou a linguagem, provocam as imagens, o que por sua vez originam emoções.
■Você constrói a sua auto-imagem através dos seus pensamentos. Seja cuidadoso com o que você pensa.
■O seu subconsciente aceita o que você vai afirmando para si mesmo. Você deve controlar (gerir melhor) o seu diálogo interno.
■A sua auto-imagem surte grande impacto na sua forma de agir. Para se sentir mais capaz, trabalhe (melhore) a sua auto-imagem
Que percepção você tem das suas capacidades? Como é que você age quando não está fingindo, quando você se deixa fluir livremente, sem controlo consciente? É de acordo com essa percepção e forma de estar na vida diária que nos devemos orientar, estando em contacto com o nosso verdadeiro “Eu”, sem restringir o nosso potencial.
Esclarecimento: Não estou a querer dizer que devemos agir sem pensar. Aquilo que quero dizer é que devemos de forma consciente ir implementando e, se necessário mudando algumas das nossas crenças, formas de pensar e agir, até que elas façam parte de nós e possamos movimentarmo-nos livremente e de acordo com aquilo que decidimos para nós, no nosso melhor estado de recursos.
AS CRENÇAS CONTRIBUEM PARA A NOSSA EFICÁCIA: VOCÊ ESTÁ SENDO EFICAZ?
Eu acredito que todos temos um potencial imenso, mas apesar deste enorme potencial, podemos limitar-nos pelas nossas crenças. Só seremos capazes de fazer o que acreditamos ser possível. Se as nossas crenças forem demasiado fixas, o nosso comportamento e atitude seguirá o mesmo princípio. Nós auto-regulamo-nos de acordo com o nosso nível de crença, e assim permanecerá a menos que nos consigamos fortalecer para que possamos passar a agir de forma mais flexível.
Por este motivo é tão importante avançar progressivamente todos os dias para expandir a sua flexibilidade de pensamento e fazer algo que o ajude a crescer e romper com as anteriores crenças limitantes. Agir e propor-se à identificação dessas crenças pode matar o medo da auto-limitação que não o deixa sair do caís. Desamarre essa âncora.
Esteja preparado para um aumento da tensão quando decidir sair da sua zona de conforto. Essa tensão vem da nossa mente subconsciente, que nos quer fazer permanecer no ambiente conhecido, seguindo os mesmos padrões de pensamento e comportamento, e não correr qualquer risco. Isto é o que nos faz sentir que precisamos voltar para “onde pertencemos”, ou porque é muito arriscado tentar algo novo. Não dê atenção a isso. Você pode subir a fasquia da sua zona de conforto, aumentando o seu auto-conceito. Trabalhe na sua auto-confiança e na sua auto-estima através de novas afirmações e visualizações, espere mais de si mesmo, espere conseguir atingir pequenas metas ao longo do caminho. Você pode começar a mudar o seu comportamento se auto-reforçar as alterações pretendidas com auto-afirmações ou auto-declarações, tais como: “Tive bem com esta atitude”, ou “Sim, eu sou bom nisso”, ou “Com esforço, acabei por conseguir”.
Não perca a segunda parte deste artigo, irei apresentar:
■Formas para ajudar a definir metas e aumentar a criatividade
■Estratégias para livra-se de algumas crenças incapacitantes
■Razões porque as crenças são tão importantes como o genes
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/mude-as-suas-crencas-evolua-a-sua-mente-parte-i/
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