Todos nós em alguns períodos da nossa vida somos tomados por algum tipo de carga emocional negativa. Temos de lidar com alguns dias mais sombrios, mais chatos, mais tristes, mais deprimidos ou até mesmo destruidores. Sentimos a nossa energia vital a ser sugada e os pensamentos a fugir para cenários catastróficos. Esta carga emocional pode tornar-se tão poderosa que assume o controle dos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Somos empurrados subconscientemente para uma espiral negativa crescente. Somos invadidos pela descrença, pela dúvida, pela incerteza, pela confusão, colocamos algumas crenças de base em questão e vimos os nossos alicerces tremerem. Este processo até pode ser benéfico, mas apenas o tempo suficiente para procurar uma solução. No entanto, para a grande maioria de nós, este tempo alarga-se muito para além do desejado, perturbando-nos a vida e aniquilando os sentimentos positivos.
Num estado de abatimento, ocupamos o espaço que poderia ser preenchido com energia capacitadora e positiva. Perdemos a oportunidade para flexibilizarmos o pensamento e para relativizarmos o momento que estamos a viver. Perdemos a oportunidade para sermos o nosso maior aliado, para puxarmos por nós, para perspetivarmos um caminho que nos faça sentir melhor ou que possa minimizar o sofrimento.
DE ONDE VEM TODA ESSA NEGATIVIDADE?
Durante todo o curso das nossas vidas, todos nós tivemos experiências que foram difíceis e dolorosas e consequentemente foi complicado lidar com elas. Esses acontecimentos foram certamente fontes óbvias de energia negativa. Podemos até reconhecer que o trauma das experiências extremas podem ter-nos deixado um pouco traumatizados. Naturalmente, encontrar uma maneira de deixar os resíduos dessas experiências teriam benefícios duradouros.
O que você pode não perceber é que, além das fontes mais óbvias, há pequenas coisas que você pode estar fazendo a cada dia que geram efeitos colaterais negativos, como problemas emocionais e neurológicas.
Apresento sete geradores de carga emocional negativa
1. OLHAR A VIDA ATRAVÉS DE FILTROS NEGATIVOS
A nossa percepção cria a nossa visão da realidade. Se vemos a vida através de filtros negativos, certamente irão distorcer a nossa forma de experienciar tudo o que fazemos, pensamos e sentimos. Mais especificamente, ficamos especialistas em amplificar o negativo e minimizar o lado positivo. A um nível emocional, a espiral negativa vai crescer, os pensamentos começam a ficar tóxicos, podendo desenvolver várias formas de sentimentos negativos oriundos de uma visão demasiado negativista da vida. O rancor, o ódio, a irritabilidade, a vitimização, a tristeza, a angústia são alguns dos sentimentos que usualmente emergem em consequência dos filtros negativos.
2. DEMASIADA CRÍTICA NEGATIVA
Esta é uma armadilha que é fácil cair, porque nós facilmente associamos o nosso comportamento com a nossa identidade pessoal. Na posse de alguns comportamentos que nos podem ter conduzido à situação crítica, e exacerbado pelos sentimentos negativos presentes, tendemos a construir um diálogo interno autocrítico. A autosabotagem promove o stress e este não só corrói os nossos recursos emocionais, como também tem uma influência negativa sobre a forma como nos conduzimos e a maneira como reagimos aos outros e até mesmo às nossas ações. Se quando nos encontramos numa fase critica da nossa vida queremos que os outros nos deem o benefício da dúvida e resistam à tentação de nos julgar, não devemos estar dispostos a fazer o mesmo?
3. PROCURAR O CULPADO OU ONDE ESTÁ A CULPA
De quem foi a culpa? Porque é que tinha de acontecer comigo? Porquê fazer este tipo de perguntas? Provavelmente estas questões surgem porque procuramos algo ou alguém ou até mesmo uma característica nossa que assuma a responsabilidade ou justifique o sucedido. Queremos colocar a culpa sobre algumas dessas coisas para que não se associe a nós mesmos. Conseguir alguém ou algo para que nos retire o fardo do sucedido, pode equiparar-se como se estivéssemos evitando algo de terrível, mas tudo o que realmente contribui é para a libertação de uma enxurrada de energia negativa que vai enfraquecer a capacidade de lidar com tudo o que está acontecendo.
4. COLECCIONAR EMOÇÕES NEGATIVAS
Agarrar-se a sentimentos negativos de qualquer tipo é como beber veneno. Todos nós temos experiências agradáveis e não tão agradáveis. Se nos apegarmos às memórias e aos sentimentos ligados a experiências desagradáveis ocorridas no passado, isso certamente irá minar a perspetiva de futuro. As memórias do passado podem realmente comprovar-se como paralisantes dado que cada memória faz emergir o mesmo sentimento vivido aquando dos acontecimentos. Ao reviver uma e outra vez as memórias negativas e em alguns casos traumáticas, a pessoa altera o seu estado de ser. Num estado de ser negativo, tudo o que lhe segue será igualmente negativo.
5. FAZER COMPARAÇÕES
Esse hábito vem de uma mentalidade de escassez que se alimenta na ideia de competição ou no seu lado oposto, na ideia de vitimização. A premissa subjacente é que, para alguém ganhar, alguém tem que perder. A vida não é um concurso com as outras pessoas. Devemos todos esforçar-nos para sermos a melhor versão possível de nós mesmos. Não pretendo passar a mensagem que os termos de comparação sejam por si só prejudiciais, não mesmo. No entanto, é importante que a comparação não passe a ser o porta estandarte dos seus objetivos, dos seus valores e interesses. A comparação pode tornar-se destruidora da sua autoestima, aniquilar os seus esforços de sucesso. Isto porque existirá sempre alguém melhor e com mais do que você.
6. AGRADAR AOS OUTROS
Não importa quem você é, o que pensa, o que faz, algumas pessoas vão gostar e algumas não, algumas irão concordar com você e algumas irão discordar. Não se preocupe com isso, não fique mudando a si mesmo na tentativa de viver de acordo com as expectativas dos outros. Isso só vai criar conflitos internos e confusão. Aprenda a conectar-se com o seu eu verdadeiro. Descubra o que você quer ser.
7. FAZER PAPEL DE VÍTIMA
Certamente acontecem-nos coisas na nossa vida que nos são alheias, que fogem ao nosso controle, que na verdade podemos considerar-nos vítimas. Mas, isso não quer dizer que devamos adotar o papel de vítima. São coisas distintas. Mesmo perante o infortúnio, o trauma, o revés da vida, devemos esforçar-nos por atribuirmos a nós mesmos a responsabilidade de fazer algo para melhorar ou minimizar o incómodo que possamos estar a sentir. Se nós nos vemos como uma vítima, então somos impotentes para criar mudanças positivas. O sentimento de desamparo ou de desesperança podem fazer despoletar atitudes negativas, emergindo efeitos colaterais potencialmente incapacitantes.
DESAPEGO COMO UMA ESTRATÉGIA CONSTRUTIVA
Afirmar que devemos seguir em frente perante algumas adversidades da vida, sem implementar uma estratégia eficaz e suportada por determinadas habilidades que têm necessariamente de ser desenvolvidas, pode efetivar-se como uma atitude negligente e consequentemente vazia de significado. Assim, você deve certificar-se de encontrar uma maneira de parar de carregar a sua carga emocional negativa que está a interferir com a sua capacidade de criar a vida que realmente quer. Mudar a sua vida para melhor é certamente o seu objetivo. Para que isso se efetive de forma funcional é necessário investir no desapego de algumas das coisas que estão a impedir libertar-se da sua carga emocional.
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/liberte-se-da-sua-carga-emocional-negativa/
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