segunda-feira, maio 05, 2014

O paradigma da montanha russa explica o porquê da sua pouca satisfação com a vida

 

montanha russa

Todos os anos dezenas de milhões de pessoas buscam prazer brincando na “montanha russa”.
Quanto mais radical, mais emoção. Como se dá esta emoção?
A pessoa entra na montanha russa e tem medo.
O medo provoca uma descarga de adrenalina que produz vários sintomas físicos e mentais.
Entre os sintomas mentais estão (preste atenção, porque voltaremos a eles no final do texto):
Focalização da mente (ela fica com a atenção totalmente focada na situação)
Presentificação (ela está totalmente no presente, ela “esquece” do tudo o mais. Não está com a mente dividida.)
Sair da fantasia alienante e acomodação no que é real. A vida fica mais rica, pois há uma maior intensidade nos estímulos. Diz-se que a mente “acordou”, saiu do estado semi-consciente.
Usufruto do que é real. Por sair da fantasia e focar a realidade, ele passa a usufruir com mais intensidade o que existe. A pessoa passa a ser um aproveitador da realidade.


A adrenalina é um hormônio de sobrevivência. Frente ao perigo/negativo ela prepara o indivíduo para agir (lutar ou fugir).
Se você leva susto, sente medo, está recheado de pensamentos negativos, é bem provável que você esteja estressado e esteja liberando mais adrenalina do que quem está calmo e em paz.
Na montanha russa você se coloca propositalmente em uma situação inicialmente negativa.
Quando termina a brincadeira aparecem sensações de vitória, poder e prazer (uma das maiores montanhas russas dos EUA vende camisetas com a estampa: sobrevivi à xxx (nome da montanha russa).
Estas sensações de vitória, poder e prazer aparecem porque o corpo libera outras substâncias, os opioides.
A recompensa por ter “sobrevivido” é a descarga de opioides que geram prazer e relaxamento.
Observe: primeiro gera-se o desconforto do stress, do medo e da insegurança.
Nestas condições o instinto de sobrevivência é ativado.
A recompensa por ter entrado em tal estado negativo (stress) é o alívio, que as vezes é seguido da calma e do relaxamento.
Existe um grande contraste, pois para ter prazer primeiro vai para o negativo e depois sobe para o positivo, neutro ou para o menos negativo.
Esta é a forma mais comum da mente reativa funcionar:
Ela produz repetidamente o negativo, para ter o prazer de voltar para o neutro, positivo ou um negativo menor.
Exemplo: primeiro a pessoa se coloca no menos sete. A recompensa que conquista é o alívio, o que faz subir para o menos dois, ou zero ou mais um. Este contraste gera prazer.
É O ALÍVIO REGENDO A VIDA DAS PESSOAS.





Resumindo: a mente reativa vive de produzir o negativo para então diminuir ou sair deste negativo. É o CONTRASTE gerado pelo alívio que gera o prazer. No caso da montanha russa existem várias qualidades mentais que são despertadas e que amplificam o prazer além da simples recompensa/alívio.

A descarga de adrenalina é como “um tapa na cara” que faz a mente da pessoa acordar; sair da alienação, sair do automático e entrar no real. Ao entrar no real a intensidade aumenta e aumenta o prazer (esta é uma regra mental).
Se você almoçar devagar, prestando atenção no paladar e no cheiro da comida, terá MUITO MAIS PRAZER. Também ficará mais satisfeito por muito mais tempo. Ao contrário, quem come rápido, pensando em outras coisas, de modo automático, sempre ficará menos satisfeito. O usufruto do que é real, a presentificação, a focalização, a não divisão da mente, sempre trarão energia para o corpo e satisfação mais duradoura.
Este é o caminho da mente clara. O caminho do fluir, o Caminho Nobre. A pessoa usufrui o que existe e está disponível, não precisa entrar em stress, nem ativar os instintos de sobrevivência, nem entrar no negativo para buscar o contraste(1).  A mente clara dá intensidade à vida e permite com que ela se renove através do fluir.

A pessoa com a mente reativa se “encaixa no perfil: alienado e desvitalizado precisa de um “chacoalhão” para cair na real. Tem gente que precisa perder para aprender a valorizar, não é mesmo? São pessoas alienadas que tem o bom, mas não prestam atenção, não usufruem. São perdedores e desperdiçadores da vida. … Quando a pessoa perde, sente falta. Ou seja, a mente reativa consegue perceber o negativo – a perda. Mas, não está preparada para lidar com o positivo, principalmente com o que é nobre – por isto não valorizam. Elas treinaram a mente para lidar com o negativo, a fim de tentarem se proteger. Não treinaram para permitir o fluir  do que é nobre – amor gerando satisfação, tesão, alegria.” (ler o texto completo )
A pessoa vai ao parque de diversões e tem muito prazer porque despertou sua consciência e teve a recompensa do alívio. O choque de adrenalina e os opioides são a face química; o medo, a insegurança, o stress são a face emocional deste despertar. Mas, tão logo acabam os estímulos externos o padrão reativo tradicional volta a se impor, e a mente se desvitaliza e aliena. A mente reativa não sabe e não pode manter a consciência desperta.
Para “acordar” a mente reativa terá que gerar tensão, negativização, sentir sua sobrevivência ameaçada, entupir sua mente de pensamentos, provocar ansiedade, angústia, desejar muito, etc. O ciclo terá que se repetir, para que venha o alívio.
A mente que se mantém desperta tem mais prazer, satisfação e aprende a lidar com o que é nobre. A mente reativa, para acordar, precisa do paradigma da montanha russa. O que acontece de modo claro com a pessoa que procura a diversão com montanha russa (gerar o negativo para ter o alívio/contraste), acontece no dia-a-dia das pessoas – de modo menos intenso, portanto, menos claro.

(1) contraste: a pessoa que está a vários dias sem comer (situação negativa) considerará uma delícia comer um pão velho. O pão velho gera alívio da fome, por isto gera prazer. Se a pessoa não estiver com fome, não achará o pão velho uma delícia; talvez o considere com gosto ruim. Sem o negativo, sem contraste e sem prazer – esta é a forma da mente reativa funcionar.

Autor: Regis Mesquita
http://caminhonobre.com.br/2014/01/22/o-paradigma-da-montanha-russa-explica-o-porque-da-sua-pouca-satisfacao-com-a-vida/

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