segunda-feira, maio 22, 2006

Organizando os sentimentos

Gostaria de partilhar convosco este exerto de um texto escrito muito interessante, que fala daquilo que mais sinto dentro de mim e que não consigo controlar como gostaria...

Aqueles que vivem disputando espaço dentro da sua mente
Todo mundo sabe que nosso corpo é feito de partes: cabeça, tronco e membro
e mais todas as partes que existem dentro destes compartimentos. Dentro da
nossa mente também estamos divididos em partes. Temos aquela parte adulta
que está plena de sabedoria e consciência. É com ela que, geralmente
vencemos nas nossas profissões, fazemos boas e sólidas amizades, andamos por
este mundo sem nos perdermos.
Temos também aquela parte que parece ser primitiva e que muitas vezes
aparece sobre a forma de impulsos violentos e nos faz agredir os outros,
sentir ódio, raiva, ranger os dentes e muitas vezes literalmente "avançar"
contra o "inimigo" como se fôssemos um jaguar pronto para atacar o caçador.
Na mesma mente pode também existir um ser crente em Deus, um místico que
conversa com os anjos e que reza antes de dormir. Veja quanta guerra existe
em nome de Deus. Quantos fanáticos religiosos colocam a metralhadora no
chão, ajoelham-se para Meca para rezar e depois levantam-se pegam a
metralhadora e saem disparando fogo contra tudo e todos.
Dividindo espaço com todas estas partes pode existir uma outra parte que é a
nossa porção infantil. Uma parte que teima em não crescer e que se comporta
como criança mimada e nervosa pedindo comida, pedindo brinquedo, não
querendo compartilhar seu território. Vemos adultos fazendo manha, "batendo
nos irmãos", segurando de forma egoísta o curso da vida, teimando em não
ceder, de ombros encolhidos e boca cerrada porque o outro não correspondeu
às suas expectativas. Do gênero "não brinco mais".
Existem nas empresas muitos chefes que expõem este lado criança. Eles querem
ser os donos da bola, das regras, do jogo e do apito e se eles não forem os
juizes não tem nada para ninguém. São os insaciáveis. Exatamente como as
crianças. Você dá um brinquedo e ele brinca cinco minutos e depois já quer
outro, outro, outro e isso não tem fim.
Imagine todas estas partes interagindo dia e noite dentro da sua mente. É
mesmo preciso ser um mediador bem treinado para fazer com que cada parte
ceda na hora certa e componha com as outras partes buscando paz, justiça e
bem estar. No entanto, temos que dizer que é esta parte criança, na sua
parte positiva, que nos dá alegria, criatividade, vontade de conhecer coisas
novas, que brinca e se diverte, que nos leva para correr riscos que podem
mudar nossas vidas para melhor. Esta criança sendo bem orientada pelo nosso
adulto interno pode também fazer maravilhas por nós.
Mas voltando à guerra destas partes, pense, por exemplo, que hoje você
acorda com seu leão rosnando dentro de você. O primeiro que aparecer para
dar bom dia já é recebido com um rugido. Entra no carro e vai para o
trabalho com o leão a toda. Corre, breca, persegue o outro que fechou, grita
com o celular que toca até que vê na sua frente uma criança pedindo esmola.
Confrontado com esta imagem o leão acalma porque o samaritano piedoso surge
de dentro da sua mente e junto vem uma enorme pena daquela criança
abandonada passando fome e frio (que espelha sua criança interna). E você
abre a janela e estende a mão para ela.
Com isso, a fera já cedeu lugar para a tristeza e a dor. E um coquetel de
enzimas já está atuando dentro do seu corpo físico acionando desde dor de
estômago até frio nas mãos, dor de cabeça, taquicardia e uma série de
reações orgânicas a este verdadeiro laboratório químico que são nossos
hormônios tentando nos manter prontos para ficar ou fugir. E assim o dia
passa e os personagens da nossa mente vão surgindo e fugindo, revezando ou
interagindo todos de uma vez e quando chega a noite nossa energia se foi e
somos seres absolutamente exaustos. Queremos dormir, esquecer a guerra do
dia, fechar os olhos e sonhar com imagens de beleza, amor e alegria. Como se
isso fosse possível. Sabemos que nossos sonhos são reflexos da forma como
vivemos.Nossa mente é povoada por imagens. Imagens que tem simbolicamente as caras
das nossas partes. Imagens de dois lados de uma só mente que,
geralmente, não conseguem se entender ou negociar uma saudável convivência.
Afinal, aqui fora as coisas são como aqui dentro. Temos todos os dias que
nos exercitar na arte da convivência com os mais diferentes tipos de pessoas
e suas reações.

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