domingo, outubro 19, 2008

*Banhos Ritualísticos*

A Umbanda, religião ligada aos Orixás e a natureza, tem como
fundamentos a utilização de elementos da natureza, que são "regidos"
pelos Orixás. Os elementos são : AR ,TERRA ,FOGO ,ÁGUA

Estes elementos podem estar reunidos ou não em diversos rituais
umbandistas, no intuito de manipulação de energias. Em todo Universo, temos
o Prana ou Éter Vital, que é energia essencial para a manutenção da vida em
vários níveis energéticos. O Prana é absorvido pelos elementos da natureza e
por nós direta ou indiretamente.

A respiração, o "banho" de sol, a alimentação adequada, são alguns dos meios
desta absorção energética.

Nos rituais da Umbanda, podemos manipular, então os elementos da
natureza e o Prana, através de vários rituais. Alguns exemplos:

A vela - Temos os elementos Fogo, Ar, Água e Terra. O Fogo consome o Ar e a
resina da vela (Terra) e transforma a Água, contida na resina da vela, em
vapor. Isto apenas falando materialmente deste ritual, sem contar o aspecto
religioso e mágico.

A defumação - Temos o Fogo, Ar, a Terra e a Água envolvidos. A Água a Terra,
estão contidos nas ervas defumadas.

Como podemos constatar, estes elementos estão sempre presentes nos rituais,
sendo essenciais para o bom êxito de cada ação ritualística.

A magia, contida em muitos rituais umbandistas, tem a necessidade de
elementos materiais de ligação entre a matéria e o plano espiritual.

Os ciclos da natureza e os astros influenciam a vida de todos os seres
vivos, aqui na Terra, pois regulam toda a vida, trazendo o equilíbrio.
Devemos entender o máximo possível sobre estas influências, pois é de grande
importância, obter o melhor resultado na extração e manipulação energética.

Os banhos ritualísticos de uma maneira geral, são rituais, onde
utilizamos determinados elementos da natureza, de maneira ordenada e com
conhecimento de causa, com o intuito de troca energética entre o indivíduo e
a natureza, afim de fornecer-lhe equilíbrio energético e mental.

Estes banhos prestam-se para limpar as energias negativas, livrar as
pessoas de influências negativas, reequilibrar a pessoa, aumentar a
capacidade receptiva do aparelho mediúnico, já que os chacras serão
desobstruídos, enfim, tem grande importância na manutenção dos corpos.

Embora o banho utiliza-se de elementos materiais, que serão jogados
sobre o corpo físico, a contraparte etérica será depositada sobre os
chacras, corpo astral e aura que receberão diretamente o prana ou éter
vital, bem como a parte astral dos elementos densos.

Não somente os médiuns ativos na Umbanda devem tomar determinados banhos,
mas todos nós, em geral, podemos usá-los.

Temos algumas categorias de banhos :

a)* Banhos de Descarrego*
**
Esta categoria de banho, conhecido também como banho de descarga ou
desimpregnação energética é o mais comum e mais conhecido.

Estes banhos servem para livrar o indivíduo de cargas energéticas
negativas. Conforme vivemos, vamos passando por vários ambientes,
trocamos impressões com todo o tipo de indivíduo e como estamos num
planeta atrasado em evolução espiritual, a predominância do mal e de
energias negativas são abundantes. Todo este egrégora formado por
pensamentos, ações, vão criando larvas astrais, miasmas e todo a sorte
de vírus espirituais que vão se aderindo ao aura das pessoas. Por mais
que nos vigiemos, ora ou outra caímos com o nosso nível vibratório e
imediatamente estamos entrando neste egrégora. Se não nos cuidarmos,
vamos adquirindo doenças, distúrbios e podemos até sermos obsediados.

Há dois tipos de banhos de descarrego :

a1) Banho de Sal Grosso

Este é o banho mais comumente utilizado, devido à sua simplicidade e
eficiência. O elemento principal que é o sal grosso, é excelente
condutor elétrico e "absorve" muito bem os átomos eletricamente
carregados de carga negativa, que chamamos de íons. Como, em tudo há a
sua contraparte etérica, a função do sal é também tirar energias
negativas aderidas no aura de uma pessoa. Então este banho é eficiente
neste aspecto, já que a água em união como o sal, "lava" todo o aura,
desmagnetizando- o negativamente.

O preparo deste banho é bem simples, basta, após um banho normal,
banhar-se de uma mistura de um punhado de sal grosso, em água morna ou
fria. Este banho é feito do pescoço para baixo, não lavando os dois
chacras superiores (coronal e frontal).

O porquê de não poder lavar os chacras superiores, está ligado ao fato
de serem estes chacras ligados à coroa da pessoa, tendo que ser muito
bem cuidada, já que é o elo de ligação, através da mediunidade, entre
a pessoa e o plano astral superior.

Após o banho, manter-se molhado por alguns minutos (uns 3 minutos) e
enxugar-se sem esfregar a toalha sobre o corpo, apenas secando o
excesso de umidade.

Algumas pessoas, neste banho, pisam sobre carvão vegetal ou mineral,
já que eles absorverão a carga negativa.

Este banho é apenas o banho introdutório para outros banhos
ritualísticos, isto é, depois do banho de descarrego, faz-se
necessário tomar um outro banho ritualístico, já que além das energias
negativas, também descarregou- se as energias positivas, ficando a
pessoa desenergizada, que só é conseguido com outro tipo de banho.

Este banho, não deve ser realizado de maneira intensiva (do tipo todos
os dias ou uma vez por semana), pois ele realmente tira a energia do
aura, deixando-o muito vulnerável.

Existem pessoas que usam a água do mar, no lugar da água e sal grosso.

a2) Banho de Descarrego com Ervas

Este banho é mais complexo e menos conhecido do que o de sal grosso. A
função deste banho é a mesma que a do sal grosso, só que tem efeito
mais duradouro e conseqüências maiores. Quando uma pessoa está ligada
à uma obsessão e larvas astrais estão ligadas a ela, faz-se necessário
um tratamento mais eficaz. Determinadas ervas, são naturalmente
descarregadoras e sacodem energeticamente o aura de uma pessoa,
eliminando grande parte das larvas astrais e miasmas.

b) *Banho de Defesa*

Este banho serve de manutenção energética dos chacras, impedindo que
eles se impregnem de energias nocivas em determinados rituais.

Quando vamos num sítio energético para determinados rituais com ou sem
incorporação, enfim, "fechamos" os nossos chacras.

As ervas para estes banhos, podem ser aquelas relacionadas ao próprio
Orixá regente da pessoa, ou aquelas que uma entidade receitar.

c) *Banho de Energização*

Após tomarmos um banho de descarrego, é importante que restabelecemos
o equilíbrio energético, através de um banho de energização. Este
banho reativa os centros energéticos e refaz o teor positivo do aura.
É um banho que devemos usar quando vamos trabalhar normalmente em
giras de direita, ou mesmo, após uma gira em que o ambiente ficou
carregado.

Também, podemos usá-lo regularmente, independente se somos ou não médiuns.

Um bom e simples banho : pétalas de rosas brancas ou amarelas,
alfazema e alecrim.

d) *Banho de Fixação*

Este banho é usado para trabalhos ritualísticos e fechados ao público,
onde se prestará a trabalhos de magia, iniciação ou consagração. Este
banho é realizado apenas por quem é médium e irá realizar um trabalho
aprofundado, onde tomará contato mais direto com as entidades
elevadas. Este banho "abre" todos os chacras e a percepção mediúnica
fica aguçadíssima.

As ervas utilizadas para este tipo de banho estão diretamente
relacionadas ao Orixá regente do médium e à entidade atuante. São
assim receitados apenas por um verdadeiro chefe de terreiro ou
médium-magista ou pela própria entidade.

*PREPARAÇÃO DOS BANHOS*
*
*Em todos os banhos, onde se usam as ervas, devemos nos preocupar com
alguns detalhes :

A colheita deve ser feita em fases lunares positivas, devido a
abundância de prana.

o Antes de colhermos as ervas, toquemos levemente a terra, para que
descarreguemos nossas mãos de qualquer carga negativa, que é levada
para o solo.

• Não utilizar ferramentas metálicas para colher, dê preferência em
usar as próprias mãos, já que o metal faz com que diminua o poder
energético das ervas.
• Normalmente usamos folhas, flores, frutos, pequenos caules, cascas,
sementes e raízes para os banhos, embora dificilmente usamos as raízes
de uma planta, pois estaríamos matando-a
• Colocar as ervas colhidas em sacos plásticos, já que são elementos
isolantes, pois até chegarmos em casa, estaremos passando por vários
ambientes
• Lavar as ervas em água limpa e corrente
• Os banhos ritualísticos, devem ser feitos com ervas frescas, isto é,
não se demorar muito para usá-las, pois o prana contido nelas, vai se
dispersando e perde-se o efeito do banho
• A quantidade de ervas, que irão compor o banho , são 1 ou 3 ou 5 ou
7 ervas diferentes e afins com o tipo de banho. Por exemplo, num banho
de defesa, usamos três tipo de de ervas (guiné, arruda e alecrim).
• Não usar aqueles banhos preparados e vendidos em casas de artigos
religiosos, já que normalmente as ervas já estão secas, não se sabe a
procedência nem a qualidade das ervas, nem se sabe em que lua foi
colhida, além de não ter serventia alguma, é apenas sugestivo o efeito.
• Alguns banhos, são feitos com água fria e as plantas são maceradas
com as próprias mãos e só depois, se for o caso, adicionar um pouco de
água quente, para suportar a temperatura da água.
• Banhos feitos com água quente, devem ser feitos por meio da abafação
e não fervimento da água e ervas, isto é, esquenta-se a água, até
quase ferver, apague o fogo, deposite as ervas e abafe com uma tampa,
mantenha esta imersão por uns 10 minutos antes de usar. Alguns dizem
que a água quente não é eficiente para um banho, mas esquecem que o
elemento Fogo, também faz parte dos rituais de Umbanda. A água
aquecida "agita" a mistura, liberando o prana das ervas.
• Não se enxugar, esfregando a toalha no corpo, apenas, retire o
excesso de umidade, já que o esfregar cria cargas elétricas (estática)
que podem anular parte ou todo o banho.
• Embora todo o corpo será banhado, a parte da frente do corpo é que
devemos dar maior atenção, já que estão as "portas" dos chacras, além
da parte frontal possuir uma maior polaridade positiva, que tem
propriedades elétricas de atrair as energias negativas e que são
eliminadas com o banho, recebendo carga positiva e aceleradora.
• Após o banho, é importante saber desfazer-se dos restos das ervas.
Aquilo que ficou sobre o nosso corpo, nós retiramos e juntamos com o
que ficou no chão. Colocamos tudo num saco plástico e despachamos
aquilo que é biodegradável, em água corrente.

*Banhos Naturais*
**
São banhos que realizamos em sítios energéticos, onde as energias
estão em abundância. Neste caso, não precisamos em nos preocupar em
não molhar os chacras superiores (coronal e frontal), localizados na
cabeça, é uma ótima chance de naturalmente tratar da "coroa", claro
que se efetuarmos em locais livres da poluição.

Dentre eles podemos destacar :

*Banhos de Mar* (ótimos para descarrego e para energização,
principalmente sob a vibração de Yemanja)

Podemos ir molhando os chacras à medida que vamos adentrando no mar,
pedindo licença para o povo do mar e para Mamãe Yemanjá. No final,
podemos dar um bom mergulho de cabeça, imaginando que estamos deixando
todas as impurezas espirituais e recarregando os corpos de sutis
energias. Ideal se realizado em mar com ondas e sob o sol.

*Banhos de Cachoeira

*Com a mesma função do banho de mar, só que executado em águas doces. A
queda d´água provoca um excelente "choque" em nosso corpo, restituindo
as energias, ao mesmo tempo que limpamos toda a nossa alma. Saudemos,
pois Mamãe Oxum e todo povo d´água. Ideal se tomado em cachoeiras
localizadas próximas de matas e sob o sol.

*Banhos de rio e lagoas
*
Tem também grandes propriedades, desde que não estejam poluídos.
Saudemos Nanã Buruquê.

*CONSIDERAÇÕES FINAIS*

Apesar do que tudo que aqui foi escrito, vale lembrar que o assunto
pode ser aprofundado em vários aspectos. Não me preocupei em receitar
banhos com determinadas ervas, pois, isto deve ser feito por pais e
mães de santo e entidades, já que eles tem larga experiência em cada
tipo de banho e sabem recomendar a melhor ervas, o melhor método. A
intenção foi apenas demonstrar a importância que os banhos tem sobre
todos nós, principalmente para aqueles que são umbandistas e praticam
estes rituais. Além de criar nas mentes daqueles que sejam adeptos da
Umbanda, a consciência de que não cultuamos uma religião fetichista,
mas uma religião que sabe integrar o espírito com a própria natureza e
indiretamente com Deus, com os Orixás e todo o plano astral, porque é
isto que eles querem de nós, que sejamos libertos das amarras da
matéria e nos voltemos a Eles de maneira mais natural possível.

Escrito por: Eduardo Gomes

*- Esta pequena dissertação pode ser utilizada, reproduzida, desde que
não se altere o conteúdo e informem a fonte.

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