segunda-feira, agosto 29, 2011

O Medo da Transformação


:: Elisabeth Cavalcante ::

Muitos seres humanos alegam desejar a transformação mas, quando surge a oportunidade de realizá-la, o medo e a insegurança acabam predominando.

É compreensível, pois transformar-se significa desconstruir as bases em que nosso ego e nossa personalidade se assentaram, para poder atuar no mundo.

E, ainda que estas bases sejam falsas, e não nos permitam expressar nosso ser real, nos acostumamos tanto a elas, que acabaram por se tornar uma espécie de capa protetora, atrás da qual nos escondemos e onde nos sentimos confortáveis.

Mas, o que fazer se, apesar disso, a angústia e o sofrimento estão presentes? Buscar a transformação exigirá de nós não apenas vontade, mas, determinação e coragem.

Muitos serão os truques apresentados pela mente para que fujamos da busca pela libertação. As ilusões a que nos apegaremos e que serão usadas como desculpa para fugirmos da caminhada ao encontro de nossa essência, serão inúmeras.

O medo assumirá a forma de compromissos inadiáveis, culpas, descrenças. Mas, aquele que se mantiver firme no desejo de vencer a si mesmo, certamente alcançará o objetivo.

A jornada não é tranqüila, e surgirão momentos em que a vontade de desistir e voltar à zona de conforto vai predominar. Nestas ocasiões, precisamos nos lembrar que o alcance da paz interior só é possível, para os que acreditam plenamente na vida e na sua generosidade, e têm a certeza de que ela sempre premia os que se entregam em total confiança.

....À medida que seu ego se torna mais forte, você vai perdendo a si mesmo. Você pode estar lutando e saindo vitorioso, não sabendo absolutamente que não se trata de um ganho, mas de uma perda. Ensina-se a todas as crianças a lutarem, de diferentes maneiras. A competição é uma luta, ser o primeiro da classe é uma luta, ganhar um troféu num jogo é uma luta... Essas coisas são preparações para a sua vida. Depois luta-se numa eleição, luta-se por dinheiro luta-se por prestígio. Toda essa sociedade está baseada em lutas, competição, briga, na colocação de cada indivíduo contra o todo.

... ‘Entrega’ significa ‘nenhuma competição, nenhuma briga, nenhuma luta’... simplesmente relaxar com a existência, aonde quer que ela conduza. Sem tentar controlar o seu futuro, sem tentar controlar as conseqüências, mas, permitindo-as acontecerem... sem nem pensar nelas. A entrega está no presente; as conseqüências estão no amanhã. E a entrega é uma experiência tão deleitosa... um total relaxamento, uma profunda sincronicidade com a existência.

A entrega é uma abordagem totalmente diferente. Seu primeiro passo é o abandono do ego, lembrando-se de que vocês não estão separados da existência: contra quem, então, estão lutando? Você não é separado das pessoas: contra quem, então, você está lutando? Contra si mesmo... e esta é a raiz causal da miséria. Seja contra quem for que você esteja lutando, você está lutando consigo mesmo - porque não há nenhum outro. 

...A entrega é uma profunda compreensão do fenômeno de que nós somos parte de uma só existência. Nós não podemos produzir egos separados: somos um com o todo. E o todo é vasto, imenso. A sua compreensão ajudará você a seguir com o todo, aonde quer que ele vá. Você não possui uma meta separada do todo, e o todo não tem nenhuma meta. Ele não está indo a algum lugar. Ele está simplesmente acontecendo aqui.

A compreensão da entrega o ajuda a ficar simplesmente aqui, sem quaisquer metas, sem nenhuma idéia de alcançar, sem nenhum conflito, batalha, luta, sabendo que seria lutar contra si mesmo - que é simplesmente tolice. 
A entrega é uma profunda compreensão. 
Ela não é um ato que você deva praticar. 

Qualquer ato faz parte do mundo da luta. Aquilo que você tem de fazer vai ser uma luta. A entrega é simplesmente compreensão. 
E aí, então, vem um silencioso relaxamento, fluência com o rio, desinteressado do aonde ele está indo, despreocupado de que você possa ficar perdido... nenhuma ansiedade, nenhuma angústia... porque você não está separado da totalidade, sendo assim, seja o que for que vá acontecer, vai ser bom. 

Com essa compreensão, você vai ver que não há mistura: a compreensão não pode se misturar com a ignorância; o insight dentro da existência não pode se misturar com a cegueira; a consciência-em-si não pode se misturar com a inconsciência-em-si. 
E a entrega não pode se misturar com as diferentes espécies de lutas - isso é uma impossibilidade. 

Apenas deixe-a afundar dentro do seu coração, e você descobrirá uma nova dimensão desabrochando, na qual cada momento é uma alegria, na qual cada momento é uma eternidade em si mesmo.

OSHO, Além da Psicologia.

Fonte: Terapia_DozePassos@yahoogrupos.com.br

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