Monja Coen :
“ Eu não posso ficar alegre com a tristeza. Faz parte da experiência humana sentir saudade, amor, ternura, ficar triste, ter medo da morte. É trabalhar o que está acontecendo com você e não negar, não iludir. Não adianta querer cobrir com um veuzinho muito fino aquilo que é a nossa verdade.
É possível ser zen e sentir raiva. Não existe esse negócio de "ah estou zen, nada me incomoda". Se estou zen, estou vivo. Estou com os pés no chão e sou um elemento de transformação do mundo. A indignação e a raiva são maravilhosas quando elas nos motivam a querer uma ação de transformação. "
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Ao contrário do que muitos pensam, meditar não é se sentar e ficar todo zen, alienado, tipo bonzinho o tempo todo.
Meditar não é estar alheio às injustiças e ao desrespeito. É estar alerta no mundo, pronto para uma ação amorosa. É um árduo, disciplinado e diário caminho, que inclui estar atento e lúcido o tempo todo, conhecer e governar a mente, seja no trabalho, no lazer ou no trânsito louco.
Meditar não é estar alheio às injustiças e ao desrespeito. É estar alerta no mundo, pronto para uma ação amorosa. É um árduo, disciplinado e diário caminho, que inclui estar atento e lúcido o tempo todo, conhecer e governar a mente, seja no trabalho, no lazer ou no trânsito louco.
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Na psicologia budista, o reconhecimento da raiva pode ser também uma energia positiva e boa. É uma das formações mentais identificadas como "indeterminadas", porque pode ser boa ou pode ser ruim. Mas se tal sentimento se torna um tipo de prisão não lhe permitindo ir além dele, se você for totalmente capturado por ele, então se torna algo negativo.
Eu sei que às vezes é muito difícil aceitar nossa raiva e há os que não conseguem. Isso não significa que seja impossível. Se você não praticar a plena consciência fica realmente difícil lidar com ela.
Existe a prática da plena consciência na respiração, plena consciência no caminhar, plena consciência no comer, etc...
É muito importante saber que em nós os blocos de dor são muito importantes - dor, desespero, ansiedade e medo - e não temos a coragem de voltar para nós mesmos porque temos medo de tocar esses blocos. Nossa prática diária é tentar fugir de nós mesmos: nós ligamos a televisão, nós apanhamos um romance para ler, nós saímos de carro, nós procuramos a desatenção através de qualquer distração; e para uma pessoa distraída, compreender o processo da raiva é praticamente impossível. Nesse caso a raiva se torna negativa.
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Se tenho um sentimento de raiva, como meditaria nisso? Como eu lidaria com isso: como um Buda ou como uma pessoa inteligente? Não olharia a raiva como uma coisa exterior a mim, contra a qual tenho que lutar, fazer uma cirurgia para extirpá-la. Tenho que lidar com minha raiva com muito cuidado ... No budismo não consideramos a raiva, o ódio, a ganância... como inimigos, contra os quais temos que lutar para destruir, para aniquilar. Se aniquilamos a raiva estamos aniquilando a nós mesmos. Lidar dessa forma com a raiva seria transformar você num campo de batalha; seria como parti-lo em dois, uma parte tomando o lado de Buda, a outra tomando o lado de "Mara". Lutar desse jeito é fazer violência contra si mesmo. Se você não é capaz de ter compaixão de si mesmo, não será capaz tampouco de ter pelos demais. Quando ficamos com raiva, o que temos a fazer é despertar nossa consciência para tal realidade.
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Passagem de Buda :
" Buda estava sentado embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos.
Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto.
Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
- E agora? O que vai querer dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que,
depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: "E
agora?" Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as
pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes,
sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem
outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora
covarde. Apenas fora sincero e perguntara: "E agora?" Não houve reação
da sua parte.
Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais
próximo, Ananda, disse:
- Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus
ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele
não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então
todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
- Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me
ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa
sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu
respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a
meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As
pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que "aquele
homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom
caminho, um revolucionário, um corruptor". Ele deve ter ouvido algo
sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.
Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na
própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem
alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa:
ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você
sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva
extrema, no ódio, na oração.
Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente;
então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados
e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo
algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na
pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele
deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: "E agora?"
O homem ficou ainda mais confuso! E buda disse aos seus discípulos:
- Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos
comigo e ainda reagem.
Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não
conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De
novo, Buda lhe perguntou:
- E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa
que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos,
Buda falou:
- Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma
coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas.
O homem olhou para Buda e disse:
- Perdoe-me pelo que fiz ontem.
- Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você
fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de
novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais
aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu
muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante.
Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o
mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva;
ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés,
tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo
homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que
bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. "
Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto.
Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
- E agora? O que vai querer dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que,
depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: "E
agora?" Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as
pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes,
sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem
outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora
covarde. Apenas fora sincero e perguntara: "E agora?" Não houve reação
da sua parte.
Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais
próximo, Ananda, disse:
- Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus
ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele
não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então
todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
- Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me
ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa
sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu
respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a
meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As
pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que "aquele
homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom
caminho, um revolucionário, um corruptor". Ele deve ter ouvido algo
sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.
Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na
própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem
alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa:
ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você
sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva
extrema, no ódio, na oração.
Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente;
então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados
e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo
algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na
pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele
deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: "E agora?"
O homem ficou ainda mais confuso! E buda disse aos seus discípulos:
- Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos
comigo e ainda reagem.
Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não
conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De
novo, Buda lhe perguntou:
- E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa
que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos,
Buda falou:
- Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma
coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas.
O homem olhou para Buda e disse:
- Perdoe-me pelo que fiz ontem.
- Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você
fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de
novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais
aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu
muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante.
Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o
mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva;
ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés,
tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo
homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que
bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. "
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"A cada descida segue-se uma ascensão. As formas desvanecem e se modificam, e uma verdade só é válida a longo prazo quando se transforma, dando novamente testemunho através de novas imagens, de novas línguas, como um vinho novo e acondicionado em odres novos"
Jung em Símbolos da Transformação
Fonte:Terapia_DozePassos@yahoogrupos.com.br
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