Todos sabemos que o medo é uma reação protetora e saudável do ser humano. O medo "normal" vem de estímulos reais de ameaça à vida. A cada situação nova, inesperada, que representa um perigo, surge o medo. Mas e quando tudo tem causado medo e não conseguimos agir?
Todo mundo teme algo - assaltos, aviões, seqüestro, doença, dentista, cirurgia, dor, solidão, entre outros. Claro que a intensidade do medo será intensificada pelo histórico de vida de cada um. Portanto, diante de nossos pavores, só temos duas saídas: nos escondermos em um canto com úlcera e ansiedade exagerada, ou fazermos um esforço e enfrentarmos o perigo.
Ou seja, diante de uma situação de perigo, só nos restam duas alternativas: lutar ou fugir.
Em princípio, lutar pode ser uma reação positiva. Isso não quer dizer que fugir seja uma reação negativa. Tudo depende da situação. É preciso reconhecer os próprios limites, por exemplo, sei que não reagir a um assalto é o melhor, pois reagir pode provocar conseqüências piores que nada fazer. Quando há uma situação de ameaça real a sua vida, o medo não é uma reação patológica, mas de proteção e autopreservaçã o.
O mesmo não acontece quando estamos sob o domínio do pânico e o medo passa a tomar conta de nossa consciência. Quando em pânico a pessoa nem foge nem enfrenta, mas fica paralisada e sem controle. Isso normalmente acontece diante de nossos projetos de vida.
Situações reais de perigo exigem discernimento, mas o medo irracional, sem causa real, deve ser enfrentado. É preciso lembrar que nosso inconsciente não diferencia fantasia de realidade. Se ficar pensando em todas as vezes que não conseguiu, ou ainda, que não vai dar certo mesmo, que nem adianta começar, baseando-se nas experiências anteriores negativas, sua mente irá reagir de acordo com esse pensamento, pois o medo nasce da associação que nossa mente estabelece com experiências ameaçadoras que ocorreram, sem discernir que não irão ocorrer mais. Sua mente não sabe distinguir o que é passado e presente. Realidade e fantasia. E se esse seu pensamento continua presente, sua mente irá acreditar nisso como real.
:: Como surge o medo?
Além dos perigos iminentes e reais, nossos temores podem ter aparecido de associações que fizemos ao longo da vida. Por exemplo, uma criança que teve sua casa destruída durante uma tempestade pode sentir-se ameaçada por uma tragédia toda vez que chover intensamente. Querendo ou não, sua mente fará essa relação. Ou ainda, pessoas que passaram por muitas privações quando crianças. Que não tinham o que comer, ou que tinham que "brigar" pela comida com irmãos, podem desenvolver uma tendência a comer exageradamente, como se sentissem, ainda que inconscientemente, medo de passarem fome novamente. Ou para buscarem compensar aquilo que não tiveram.
Diante de mudanças e oportunidades na vida o medo de não conseguir é muito comum e acaba interferindo diretamente na auto-estima e amor-próprio, além da autoconfiança. Uma pessoa que não age por medo de não conseguir, não acredita em sua capacidade e, assim, está perdendo também a oportunidade de conseguir e de reverter todo esse quadro. Se você conseguir ao menos pensar que pode enfrentar a situação, é um progresso.
Quando alguém diz que não consegue, que vai desistir porque sabe que não conseguirá, é uma pessoa com a auto-estima baixa e amando-se pouco... Ou não se sente capaz de cuidar de si mesma.
Procure descobrir o que o medo simboliza para você. O que ele representa. Acontece com o medo o mesmo que com outros sentimentos: quanto mais os negamos, mais poderosos eles se tornam.
Explore seu medo, descubra o que está por trás dele. Arregace as mangas e trabalhe contra tudo isso, sem pensar em desistir. Afinal, ou o medo te controla ou você controla ele. Qual você prefere?
Rosemeire Zago
Psicóloga clínica com abordagem jungiana. Desenvolve o auto conhecimento e ministra palestras motivacionais.
Sem comentários:
Enviar um comentário